ATA DA SEPTUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 17-9-2001.

 


Aos dezessete dias do mês de setembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Segunda e Septuagésima Terceira Sessões Ordinárias e da Ata da Trigésima Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Septuagésima Primeira Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Humberto Goulart, o Pedido de Informações nº 172/01 (Processo nº 3580/01); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 479, 481, 482, 483 e 484/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do septuagésimo aniversário da Paróquia São Francisco de Assis, nos termos do Requerimento nº 179/01 (Processo nº 2751/01), de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia. Compuseram a Mesa: o Vereador Ervino Besson, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Frei Nestor Schwers, Provincial dos Franciscanos no Estado do Rio Grande do Sul; o Frei Arno Reckziegel, Pároco da Paróquia São Francisco de Assis; o Senhor João Lotermann, Presidente do Conselho da Pastoral da Paróquia São Francisco de Assis. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Alberto Garcia discorreu a respeito de dados históricos relativos aos serviços prestados à comunidade pela Paróquia São Francisco de Assis, convidou a todos para participarem das festividades em homenagem ao septuagésimo aniversário dessa congregação, a serem realizadas de vinte e cinco de setembro a quatro de outubro do corrente e justificou os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem. Durante seu pronunciamento, o Vereador Carlos Alberto Garcia registrou as presenças do Senhor Fernando Mostardeiro, Assessor Financeiro da Paróquia São Francisco de Assis; do Senhor Hugo Melo, Festeiro da Novena da Festa de São Francisco de Assis; da Senhora Rosângela Machado Borges, Coordenadora de Eventos e Divulgação da Paróquia São Francisco de Assis; dos Senhores Marco Antônio Silva e Idala da Silva, Coordenadores da Liturgia da Paróquia São Francisco de Assis. O Vereador José Fortunati salientou a justeza da homenagem hoje prestada aos setenta anos de fundação da Paróquia São Francisco de Assis, comentando a participação de Sua Excelência em diversos eventos promovidos por essa igreja. Ainda, enalteceu o trabalho realizado pelos frades franciscanos em prol da divulgação dos princípios cristãos e discorreu acerca das atividades sociais desenvolvidas em benefício da comunidade através do Conselho Paroquial. A Vereadora Maristela Maffei parabenizou o Vereador Carlos Alberto Garcia pela iniciativa de homenagear a Paróquia São Francisco de Assis, destacando o trabalho missionário realizado pelos frades franciscanos na comunidade pertencente ao Bairro Lomba do Pinheiro e ressaltando que, no entender de Sua Excelência, os valores espirituais presentes na referida comunidade advêm do exemplo dado por essa congregação religiosa na propagação dos valores cristãos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Frei Arno Reckziegel, que agradeceu a homenagem hoje prestada por este Legislativo ao transcurso dos setenta anos de fundação da Paróquia São Francisco de Assis. Às quatorze horas e cinqüenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Helena Bonumá analisou o impacto sofrido pelo mundo em decorrência dos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos da América no dia onze de setembro do corrente, externando sua solidariedade às famílias das vítimas e criticando as perseguições que vêm sendo feitas a palestinos, muçulmanos e árabes em virtude desse atentado. Também, ressaltou a postura do Partido dos Trabalhadores na luta pela igualdade social. O Vereador Luiz Braz aludiu às visitas feitas por Sua Excelência a escolas municipais da Capital, com o objetivo de verificar, principalmente, o estado de conservação e os métodos de ensino desses estabelecimentos. Nesse sentido, externou sua insatisfação pela desativação de gabinetes dentários de várias instituições visitadas, criticando o posicionamento do Executivo Municipal no que se refere à destinação de verbas para manutenção das escolas. A Vereadora Sofia Cavedon discorreu sobre as políticas educacionais adotadas pelo Governo Municipal, ressaltando que estas são fundadas na otimização de recursos e que a colocação de muros e grades nas escolas é lamentável, mas necessária à segurança dos alunos. Também, convidou os presentes a participarem da solenidade de assinatura de convênio entre a Câmara Municipal e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o qual viabilizará que os jardins do Palácio Aloísio Filho sejam cuidados por alunos da Escola Porto Alegre. O Vereador Marcelo Danéris analisou os trabalhos desenvolvidos até o presente momento pela Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - constituída para averiguar denúncias de irregularidades no Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, contestando a legitimidade de depoentes e de informações prestadas durante os depoimentos e afirmando que a constituição dessa Comissão apresentou vícios de natureza formal, face às disposições do Regimento. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou os presentes a participarem da solenidade de abertura de Campanha de Doação de Órgãos promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre, pela Escola Santa Família e pela Santa Casa de Misericórdia, a ser realizada hoje na Avenida Cultural Clébio Sória. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Nereu D'Avila contrapôs-se ao pronunciamento do Vereador Marcelo Danéris, no que se refere aos trabalhos da CPI constituída para averiguar denúncias de irregularidades no DEMHAB. Também, referiu-se à notificação emitida pela Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio - SMIC - contra a Senhora Edelma Gomes, trabalhadora do Brique da Redenção, para que formule retratação face a reivindicações formuladas por Sua Senhoria no sentido de buscar melhores condições de trabalho no local. O Vereador Antonio Hohlfeldt informou ter sido realizada, no dia treze de setembro do corrente, uma reunião envolvendo Sua Excelência, os Vereadores Luiz Braz e Beto Moesch, a Irmã Angélica Konzen, Diretora do Colégio Santa Família e membros da comunidade do Bairro São Geraldo, a fim de discutir o problema dos alagamentos verificados na região quando da ocorrência de chuvas intensas. Também, condenou as ameaças feitas contra a Irmã Angélica Konzen, em razão das reivindicações feitas por Sua Reverência para a solução dos problemas mencionados. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 197/01, discutido pelo Vereador Raul Carrion, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 007/01, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Luiz Braz, Juarez Pinheiro e Marcelo Danéris, o Projeto de Lei do Executivo nº 023/01, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Resolução nº 079/01; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 005/01; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 030/01, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 015 e 018/01, os Projetos de Lei do Executivo nºs 018, 021 e 022/01, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 233 e 234/01. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion convidou a todos para participarem de debate a ser realizado amanhã, às dezenove horas, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, com o tema "Um Novo Rumo para o Brasil, um Projeto Alternativo". Ainda, procedeu à leitura de documento firmado pelo PC do B, no qual essa agremiação partidária condena os atentados terroristas ocorridos no dia onze de setembro do corrente nos Estados Unidos da América. O Vereador Elói Guimarães, reportando-se aos atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos da América, alertou para a necessidade de uma criteriosa investigação sobre a autoria desses crimes, no sentido de evitar uma guerra racial contra cidadãos de origem árabe. Também, externou sua solidariedade ao povo norte-americano, ressaltando ser fundamental uma reflexão sobre os valores morais vigentes no mundo, especialmente para a preservação da paz. O Vereador Antonio Hohlfeldt elogiou as providências tomadas pela Secretaria Municipal dos Transportes - SMT - no que tange à ampliação do trajeto de uma linha de ônibus da zona norte da Cidade. Também, criticou a Secretaria Municipal de Obras e Viação - SMOV pelas condições estruturais do canteiro central da Avenida Manoel Elias e referiu-se à organização do tráfego dos ônibus da linha T1 no terminal de embarque localizado ao lado do Palácio Aloísio Filho. O Vereador João Bosco Vaz solidarizou-se com as famílias das vítimas dos atos terroristas realizados contra os Estados Unidos da América - EUA, avaliando as conseqüências desses atos para a humanidade. Nesse sentido, discorreu sobre a intenção de Sua Excelência de apresentar um Projeto de Lei para a criação de um memorial pela paz, a ser instalado num dos parques de Porto Alegre, no intuito de homenagear os mortos do referido atentado. O Vereador João Antonio Dib apoiou a proposição do Vereador João Bosco Vaz, no que concerne à construção de um memorial pela paz. Também, discursou sobre o Decreto nº 13.394/01, que regulamenta a Lei Complementar nº 466/01, que dispõe sobre o Regime Previdenciário Próprio dos Servidores do Município de Porto Alegre, destacando a atuação desta Casa na análise do Projeto de Lei Complementar do Executivo 001/01, que deu origem a essa Lei. O Vereador Luiz Braz, aludindo às considerações externadas neste Legislativo em favor da paz mundial, contrapôs-se às invasões de áreas públicas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST - no Brasil. Ainda, questionou o Veto Parcial aposto ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/01 e pronunciou-se sobre a possibilidade de alterações nas contribuições previdenciárias dos servidores públicos municipais ao longo do tempo. O Vereador Sebastião Melo, manifestando-se acerca dos trabalhos desenvolvidos pela CPI instaurada neste Legislativo com a finalidade de investigar denúncias de irregularidades no DEMHAB, criticou o Executivo Municipal pelo fato de ainda não ter encaminhado documentos solicitados por essa Comissão e informou que protocolizará ainda hoje Projeto de Lei com a finalidade de ampliar os prazos de funcionamento das Comissões Parlamentares de Inquérito. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Estilac Xavier contrapôs-se ao pronunciamento realizado pelo Vereador Sebastião Melo, analisando atribuições do Executivo Municipal, especialmente quanto a vetos de Projetos e cumprimento de prazos para entrega de documentos solicitados por esta Casa. Também, pronunciou-se sobre o processo de eleições diretas realizadas ontem pelo Partido dos Trabalhadores para a escolha de seus dirigentes. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Estilac Xavier, aditado pelo Vereador Nereu D'Avila, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 017/01, por vinte e quatro votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Sofia Cavedon, João Antonio Dib e Estilac Xavier e encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D'Avila, João Antonio Dib, Raul Carrion e Elói Guimarães, em votação nominal solicitada pelo Vereador Paulo Brum, tendo votado os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D’Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Em Discussão Geral, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Resolução nº 042/01, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Nereu D'Avila, Elói Guimarães, Pedro Américo Leal, João Bosco Vaz, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, João Antonio Dib e Adeli Sell, teve sua discussão suspensa, face à inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto de Resolução nº 042/01, o Vereador Marcelo Danéris cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Pedro Américo Leal. Também, foi apregoada a Emenda nº 02, de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, Líder da Bancada do PSDB, ao Projeto de Resolução nº 042/01 (Processo nº 1972/01). Às dezoito horas e trinta e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, o período de Comunicações é destinado a assinalar o transcurso do 70º aniversário da Igreja São Francisco de Assis, nos termos do Requerimento nº 179/01, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia.

Convidamos para compor a Mesa o Frei Nestor Schwers, Provincial dos Franciscanos do Rio Grande do Sul; o Frei Arno Reckziegel, Pároco da Igreja São Francisco de Assis; o Sr. João Lotermann, Presidente do Conselho da Pastoral da Paróquia São Francisco de Assis.

Falará, neste momento, o proponente deste período que será destinado a homenagear o aniversário da Igreja São Francisco de Assis, que completa 70 anos, com muita luta, com uma história muito marcante dentro desse segmento na nossa sociedade, principalmente aquelas pessoas que são ligadas à igreja, e não só à Igreja Católica, mas também a outros segmentos onde os freis franciscanos estão sempre junto e sempre dando o apoio tão necessário nas horas em que as famílias mais necessitam de uma palavra de conforto. No momento de dor sempre há freis franciscanos com as suas palavras de conforto, ao lado dessas pessoas, quando necessitam. Inclusive, nas encomendações dos nossos queridos amigos que partem desta vida para outra vida, sempre lá tem um frei franciscano dando aquela palavra para aliviar um pouco a dor dessas famílias.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, como proponente desta homenagem à Igreja São Francisco de Assis.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Ex.mo Sr. Presidente em exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Ervino Besson; Sr.ª Secretária Ver.ª Helena Bonumá; Sr. Provincial dos Franciscanos no Rio Grande do Sul, Frei Nestor Schwers; Pároco da Igreja São Francisco de Assis, Frei Arno Reckziegel; Presidente do Conselho da Pastoral da Paróquia São Francisco de Assis, Sr. João Lotermann.

Como extensão da Mesa, saudamos: o Sr. Fernando Mostardeiro, Assessor Financeiro da Paróquia São Francisco de Assis; Sr. Hugo Melo, Festeiro da Novena da Festa de São Francisco; Sr.ª Rosângela Machado Borges, Coordenadora de Eventos e Divulgação da Paróquia; Sr. Marco Antônio Silva e Sr.ª Idala da Silva, Coordenadores da Liturgia da Paróquia São Francisco, meus vizinhos paroquianos, aqui presentes, da Paróquia São Francisco de Assis.

Para mim, de forma especial, hoje é um dia muito gratificante. Como Vereador desta Cidade, e aqui eu falo não só em nome do Partido Socialista Brasileiro, mas, também, em nome do PPB, em nome dos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Beto Moesch e Pedro Américo Leal. É uma alegria muito grande poder falar em relação a esta Paróquia, que está completando setenta anos. Eu vou me permitir ler um pouco da história da Paróquia: “Ela foi criada em 21 de março de 1931, a primeira igreja inaugurada foi no dia 22 de maio, sendo empossado nesta data como seu primeiro Pároco o Padre Luis Victor Sartori. Em dezembro de 44, a Arquidiocese de Porto Alegre confiou a Paróquia aos franciscanos, que são responsáveis por ela até a presente data. Em 1958, foi construída e inaugurada a atual igreja, é uma construção que tem como inspiração temática São Francisco e o Cântico do Irmão Sol, expressa especialmente nos vitrais.

A Paróquia, quando foi fundada, situava-se na periferia de Porto Alegre, habitada por pessoas pobres. De lá para cá, muita coisa mudou no Bairro, a área geográfica da Paróquia é pequena, mas a densidade populacional faz com que aí residam cerca de cinqüenta mil pessoas, a maioria pertence à religião cristã católica, porém, ainda precisamos que um maior número de pessoas possa efetivamente participar e se engajar à comunidade, e é por isso que, a cada ano os paroquianos realizam uma festa conclamando para que os demais católicos do entorno da igreja possam participar das suas festividades. É uma paróquia com uma boa organização, tanto nas celebrações litúrgicas, como nos setores da pastoral. Em 1982, já faz quase vinte anos, tive a oportunidade de trabalhar no Encontro de Casais com Cristo, naquela Paróquia, e, de lá para cá, sempre tivemos um bom relacionamento. É uma paróquia que fica aproximadamente menos de um quilômetro da minha residência; aquela localidade é uma região com bastante paróquias. Próxima a minha residência há a São Francisco, a Santo Antônio do Partenon e a Divino Mestre. Mas São Francisco é uma figura ímpar, uma figura por demais conhecida de todo o mundo e, no ano 2000, foi eleito pela revista Time como ‘A Personalidade do Milênio’. Isso foi amplamente divulgado, porque São Francisco poderia ostentar tudo, mas fez um voto de pobreza, viveu na pobreza, e foi uma das pessoas mais sensíveis que a humanidade já produziu até hoje. No ano passado, essa Paróquia também teve uma alegria muito grande, o seu Pároco, Padre Irineu Filks, foi ordenado Bispo. Hoje, Dom Irineu é Bispo de Cachoeira do Sul e, até hoje, é saudado, porque o Frei Irineu é daquelas pessoas que anima toda e qualquer comunidade. E temos a certeza de que o Frei Arno está procurando, cada vez mais, fazer isso, essa nova missão, e, ao mesmo tempo, sabemos que não é fácil substituir alguém que estava há bastante tempo e virou Bispo. Mas o Frei Arno, com a sua desenvoltura, tira de letra, não é Frei Arno? Porque essa é a missão e a obra que Deus nos deu. Mas eu sei que a Lomba, até hoje, pede a sua presença.

Quero também aproveitar e convidar não só os trinta e três Vereadores e a comunidade aqui presente, mas a população da Cidade de Porto Alegre para que, no período de 25 de setembro a 4 de outubro, possam freqüentar a Festa de São Francisco. Lá terão a oportunidade de saber um pouco mais de São Francisco, conhecer as suas comunidades e se engajar nesse movimento que, cada vez mais, faz com que as pessoas pensem muito e reflitam, porque tristes são os homens que não têm Deus no coração. Por isso, mais uma vez, queremos saudar a Paróquia São Francisco de Assis por estes 70 anos. Setenta anos em prol de uma comunidade forte, uma comunidade que luta e sabe o que quer, mas, ao mesmo tempo, mostrando essa figura ímpar de São Francisco, aquele que fez ‘O Cântico do Sol’; aquele que cuidou, como ninguém, dos animais, mas aquele que também soube e sabe ouvir a todos que clamam por seu auxílio.

Por isso, mais uma vez, em nome do Partido Socialista Brasileiro, queremos saudar os dirigentes da Paróquia São Francisco, os seus paroquianos e esperamos que, dentro de algum tempo, possamos, aqui nesta Casa, comemorar os cem anos da Igreja São Francisco.”

O Ver. João Antonio Dib lembra-me que estou falando em nome do PPB. Eu já havia citado, Vereador, e volto a insistir: estou falando não só em meu nome, mas em nome dos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Beto Moesch, Pedro Américo Leal e, também, em nome do PDT e especialmente de seu Líder, Ver. Nereu D’Avila. Boa-tarde a todos e vida longa àqueles que oram a São Francisco. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. José Fortunati está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero, com muita alegria, saudar a Paróquia de São Francisco de Assis pelos seus setenta anos. Eu tenho, ao longo do tempo, tido a oportunidade e a alegria de participar de algumas atividades da Paróquia, especialmente das novenas, que já se tornaram tradicionais em nossa Cidade. E quero aqui, do alto desta tribuna, dar o meu depoimento pelo enorme trabalho, profícuo, profundo trabalho que a Paróquia de São Francisco de Assis tem feito em nossa Cidade. De um lado, um trabalho buscando abranger a fé católica, e, de outro lado, um trabalho social da maior importância para a nossa comunidade.

Quero aqui destacar a todos os Vereadores, e a todos os que assistem a esta Sessão, o importante trabalho feito pelo Conselho Paroquial da Paróquia de São Francisco de Assis. Um conselho extremamente atuante, que tem congregado a comunidade do entorno. Quero, também, destacar os cursos profissionalizantes, tão importantes entre nós, no momento em que o desemprego se tornou uma das grandes chagas da nossa sociedade; cursos na área de cabeleireiro, corte e costura, tricô, crochê, entre outros. Aparentemente, Frei Arno Reckziegel, um trabalho menor, mas quem conhece o cotidiano de alguém que está desempregado, sabe o quanto tem sido importante esse trabalho desempenhado pela Paróquia. Queremos registrar o atendimento às famílias carentes com a já conhecida Campanha do Quilo, feita no primeiro domingo de cada mês, que conta com uma grande adesão por parte dos paroquianos; o atendimento aos doentes, quando os ministros da eucaristia e a Pastoral da Saúde visitam as pessoas doentes nos seus lares ou nos hospitais; o sopão para o morador de rua, um outro trabalho que merece destaque, pois percebemos que, como diz o ditado, é importante ensinar a pescar, mas se não olharmos com muito carinho, com muita atenção para essas pessoas que estão excluídas completamente do processo produtivo e do acesso aos bens de primeira necessidade e não dermos a eles o alimento básico, certamente essas pessoas nunca aprenderão a pescar. E a Paróquia de São Francisco tem contribuído para a sobrevivência também material dessas pessoas; há o trabalho das pastorais, trabalho hoje já conhecido na Cidade de Porto Alegre.

Queremos destacar o abrigo para idosas, através da Casa São Francisco; o ambulatório, a Biblioteca Irmão Sol, o Lar da Mãe Solteira, aliás, algo que - desde que tomei conhecimento - enalteceu a trabalho da Paróquia e muito me sensibilizou, porque, a grosso modo - eu, como católico, percebo isso -, as pessoas vêem com muita resistência aquela menina que engravida sem estar casada. Pois, num sentido mais humano, mais fraterno, mais católico, a Paróquia de São Francisco de Assis olha com amor para estas pessoas e dá abrigo a essas meninas, a essas moças, num trabalho que merece, sem dúvida nenhuma, o nosso reconhecimento. Também destacamos aqui o trabalho que as clarissas religiosas realizam na Paróquia.

O Ver. Carlos Alberto Garcia lembrava aqui o Frei Irineu, grande amigo e, certamente um grande pastor, mas, ao lembrar do Frei Irineu, naturalmente, quero congratular-me com o trabalho que o Frei Arno vem realizando, um trabalho que, sem dúvida nenhuma, não deixa saudades, no bom sentido, do trabalho do Frei Irineu. Tenho certeza de que o Frei Irineu, agora Dom Irineu, de Cachoeira do Sul, muito acompanha e está muito satisfeito com o trabalho que o Frei Arno continua desenvolvendo nessa bela Paróquia.

Renovo o convite que o Ver. Carlos Alberto Garcia fez para a novena que começa no próximo dia 25, e, com toda certeza, estarei em algumas das suas atividades, especialmente lembrando o já famoso galeto que vai ser realizado domingo, dia 30 deste mês.

À Igreja e à Paróquia de São Francisco, vida longa, e que o Senhor continue nos protegendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Ervino Besson; 1ª Secretária, Ver.ª Helena Bonumá; parabenizo o Ver. Carlos Alberto Garcia pela iniciativa; Frei Nestor; Frei Arno; Presidente do Conselho da Pastoral da Paróquia de São Francisco, João Lotermann; senhoras e senhores que nos prestigiam neste momento. Não é muito difícil vir a esta tribuna para falar não apenas do trabalho dessa Paróquia, para quem conheceu, e conhece, o Frei Arno e o Frei Nestor. Nos anos 70, quando acontecia no nosso País uma profunda migração interna, com a disseminação do pequeno agricultor, quando a maioria dos pequenos agricultores migravam para Porto Alegre e para as grandes cidades, não foi diferente com a minha família, nós já conhecíamos o trabalho dos franciscanos lá no interior de Lajeado, na localidade chamada Campo Branco, onde fui batizada por um franciscano, o Frei Constantino. Depois nós tivemos anos de convivência com o Frei Sérgio Diehl. Viemos para Porto Alegre e fomos morar na Lomba do Pinheiro, e não tenho dúvida alguma de que, quando acolhidos pela família franciscana, naquela comunidade, os rumos da minha família e de outras milhares de famílias daquela comunidade da Lomba do Pinheiro teriam sido totalmente diferentes se não fosse o trabalho missionário dos freis franciscanos daquela região. Falo isso porque convivi com eles, e a formação desta pessoa que aqui está falando tem muito a ver com a formação dos franciscanos, desde a minha vontade de me desenvolver e de estudar numa faculdade à motivação de ser socióloga, mas muito mais o trabalho militante, o trabalho cristão, e o trabalho militante feito junto aos freis franciscanos naquela comunidade.

Várias pessoas, como o Frei Mário, que também atuava junto, e os freis que aqui estão, desenvolveram um trabalho profundo naquela região. Sou testemunha ao dizer que, quanto à vocação daquela comunidade para a solidariedade, com seus valores espirituais, à organização que até hoje existe dentro daquela região, nela há uma forte influência de organização, de vontade democrática e progressista, e tudo isso passou - e passa - pelas vertentes do trabalho realizado pelos franciscanos.

Portanto, não é de desconhecer o trabalho brilhante, harmonioso, organizado que hoje há nas comunidades das quais vocês fazem parte. Ali também, naquele espaço, há poucos anos, era uma periferia como a nossa da Lomba do Pinheiro, que hoje está totalmente estruturada, como nós vemos essa comunidade em torno da nossa igreja. Nós sentimos que essa comunidade também passou pela influência dessa origem dos franciscanos e o trabalho que eles ali desenvolveram. Portanto, falar da comunidade de São Francisco de Assis e não falar das outras que também tiveram essa influência, é como se falássemos de um braço, e nós estamos falando de um corpo.

Tenho o maior orgulho de ter tido essa influência e tenho certeza absoluta de que essa comunidade, com essa força, com essa garra, com esse apoio espiritual, é imensamente beneficiada por esse trabalho que vocês realizam nas várias tarefas organizadas naquela região.

Então, Frei Arno e Frei Nestor, com todo o carinho e respeito que temos por essa congregação, desejamos que o trabalho que vocês dedicaram e dedicam pelas pessoas excluídas dessa sociedade faça com que, cada vez mais, a paz, a dignidade e a solidariedade humana persistam entre nós, e que possamos sempre estar unidos para que o tema “Paz e bem” seja sempre muito significativo entre todos nós. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Sr. Frei Arno Reckziegel está com a palavra.

 

O SR. FREI ARNO RECKZIEGEL: Nossa saudação franciscana: “Paz e bem.” Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vários deles são nossos amigos da Paróquia, de modo especial, hoje, o Ver. Carlos Alberto Garcia, que nos proporciona esta homenagem, nossos irmãos e irmãs simpatizantes de São Francisco de Assis que estão nas galerias, nossos paroquianos.

Para nós, é uma alegria podermos participar desta homenagem. Talvez não seja uma homenagem somente à Paróquia, à Paróquia também, porque é através da Paróquia que se realizam diversos serviços para a comunidade, para as pessoas. Talvez o mais importante seria acentuar a figura, a pessoa de São Francisco de Assis. São Francisco de Assis, o irmão universal. Quer dizer, ele não era só irmão do pai e da mãe dele, dos seus parentes; ele era irmão universal. Todas as criaturas de Deus, para São Francisco de Assis, são irmãos. Não é por nada que ele é considerado padroeiro dos animais. Os animais são uma pequena parcela desse universo do qual faz parte toda a criatura de Deus.

Então, São Francisco de Assis tem essa característica, de conviver com as criaturas de Deus como um verdadeiro irmão. Isso faz com que ele seja considerado o padroeiro da ecologia; e, hoje em dia, estamos conseguindo voltar de novo, na nossa sociedade, para a convivência pacífica, harmoniosa, com toda a natureza, ecologicamente falando. Nós, inclusive, dentro da igreja, não usamos tanto o termo ecologia. Nós, normalmente, falamos de integridade da Criação. Toda a Criação forma uma integridade, não é apenas o verde, mas é toda a Criação que forma uma integridade.

São Francisco de Assis foi alguém que soube por que estava vivendo. Ele soube por que ele estava aqui na Terra, tanto assim que, quando ele se deu conta realmente, ele mudou o seu modo de vida, ele não continuou vivendo na mesmice, na qual ele tinha sido criado. Quando ele conseguiu se identificar consigo mesmo, com a sua missão aqui na Terra, ele mudou o seu modo de vida, totalmente, ele assumiu - para nós isto aqui é de fundamental importância - o projeto de vida proposto por Deus, o projeto de vida de Jesus Cristo. Por isso, ele dizia assim: "Eu tenho que ser irmão de todo mundo e não posso possuir nada e ninguém, porque todos têm a mesma dignidade.” Então ele se tornou pobre. Pobre, e não só pobre miserável porque gostava de ser pobre miserável, mas porque Jesus Cristo tinha vivido dessa forma também e havia proposto isso; e se solidarizou com os mais pobres, os mais excluídos, aqueles que, na época, não tinham oportunidade dentro daquela sociedade feudal em que ele vivia. Seria o caso dos freis hoje em dia.

Nós, os freis, estamos sempre ao lado dos excluídos. Se nós, os freis, não cumprirmos essa nossa missão de estarmos ao lado daqueles que são excluídos por toda esta sociedade, se não tivermos toda uma proposta de vida, no sentido social, nós não seremos verdadeiramente seguidores de São Francisco de Assis. E, certamente, os senhores têm conhecimento de que vários de nossos freis estão envolvidos em trabalhos sociais, em movimentos populares, convivendo e vivendo junto, por quê? Porque essa é a nossa opção de vida, e essa nós deveremos seguir, e seguir com coerência. E nós devemos ser os instrumentos da paz.

São Francisco de Assis, o homem da paz, instrumento da paz. Instrumento da paz é aquele que - conforme a Bíblia, há textos bíblicos que diz assim -: "A justiça vai a sua frente e a paz segue os seus passos." Não existe paz sem justiça. Não existe paz na sociedade se não houver justiça social. E é uma das questões sérias hoje em dia que estamos acompanhando. Por isso, São Francisco de Assis é uma pessoa profundamente humana, por isso divina, porque soube viver a sua humanidade na sua plenitude; por isso ele é divino, por isso que ele é santo, é de Deus, é o homem de Deus, o homem de oração.

Nosso agradecimento por esta homenagem. O nosso muito obrigado, e continuamos com o convite para que participem das festividades da Paróquia, mas não só das festividades da Paróquia, não só das festividades - festividades são importantes -, mas da oração que se faz em nossa Paróquia e dos trabalhos, dos serviços que são realizados dentro dessa Paróquia. Paz e bem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Mais uma vez esta Casa está de parabéns. Queremos, em nome da Presidência e em nome de todos os Vereadores e Vereadoras, saudar o Ver. Carlos Alberto Garcia pela belíssima iniciativa.

Eu estava falando para o Frei Arno: nós tivemos, aqui, na semana passada, uma homenagem, proposição do Ver. Adeli Sell, aos cem anos da Editora Vozes. Desde a sua fundação, estava a mão franciscana e, até hoje, ela continua com esse belíssimo trabalho.

Frei Arno Reckziegel, nós lhe desejamos muita paz. Que o senhor leve o nosso abraço a todos os freis, a essa querida comunidade aqui presente, para que os senhores continuem com o seu belíssimo trabalho, principalmente amenizando o sofrimento das pessoas que mais necessitam. Que Deus abençoe o caminho de cada um dos senhores. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às 14h57min): Estão reabertos os trabalhos. A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo do Ver. Juarez Pinheiro.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, sem sombra de dúvida, nós ainda vivemos sob o impacto dos acontecimentos do dia 11, até porque a mídia, e, principalmente, a nossa imprensa local têm destinado diariamente inúmeras páginas para tratar desse assunto, e nós ainda temos uma dificuldade grande para assimilar aqueles acontecimentos. Não há quem não tenha ficado perplexo frente àquelas cenas que assistimos na televisão e que pareciam mais um filme de ficção do que realidade concreta. E, de lá para cá, muito se tem debatido, inclusive nesta tribuna, sobre essas questões, e eu aproveito meu tempo no período de Comunicações para também fazer algumas reflexões acerca desses episódios. A primeira coisa que cabe registrar sempre é a nossa profunda solidariedade às famílias das vítimas, o nosso lamento pelas vítimas, nossa solidariedade ao povo americano. Não há, de forma alguma, que se ter qualquer tipo de tolerância a episódios de violência e de terrorismo como o que nós verificamos naquele dia. Portanto, queremos referir não só a nossa denúncia contra a violência, contra os atos de terror, mas a nossa militância ativa, como tem sido a militância do Partido dos Trabalhadores, por um mundo melhor, por uma sociedade onde os seres humanos sejam respeitados como tal.

Depois dessa ressalva, que é fundamental que façamos, eu gostaria de colocar algumas questões. A primeira delas é uma reflexão de que nós já vivemos muitos episódios de violência, principalmente no século XX. Se é verdade que, a partir do momento em que a violência passa a ser uma atribuição do Estado e não mais da sociedade, disseminada na sociedade, e que nós passamos, como civilização, como projeto civilizatório, a ter a esperança de controlar as manifestações de violência, porque elas, a partir do momento em que passam a ser monopólio do Estado, podem ser, portanto, mediadas e resolvidas na esfera da política, se isso é verdade e se isso é o que nós chamamos de uma das características básicas do processo civilizatório, que nós como humanidade vivemos, nós também verificamos, ao longo desse período, a ação violenta do Estado como portador legítimo do monopólio da violência armada, e nós sabemos também que, na história do século XX, essas manifestações, na grande maioria das vezes, foram feitas a partir do Estado americano, dos governos dos Estados Unidos da América. Portanto, lamentamos os mortos do povo americano e somos irrestritamente solidários aos familiares e ao povo americano que tenta se reerguer, sobrevivendo, daquela catástrofe atroz que nós assistimos no dia 11 de setembro nas nossas televisões, mas, ao mesmo tempo, não queremos que aquela tragédia sirva de argumento à direita “patrioteira”, que muitas vezes governa o Estado americano e que, ao longo da sua história, tem tido uma atuação imperial, uma ação bélica para cima da maioria dos povos do mundo. E o paradoxo da cena que nós assistimos é que, se por uma lado, nós vivemos essa história da hegemonia americana armada sobre os povos do mundo, nós verificamos também que todo esse armamentismo, ao longo da história, se significou a falta de autonomia, de autodeterminação e mesmo a tragédia de muitos povos no mundo, não significa, não significou, no dia 11 de setembro, e não significará mais, provavelmente, a segurança do povo americano. Sabemos que aquela tragédia está sendo usada para propósitos de retomar a idéia da guerra com força, busca-se, na tragédia, recuperar uma legitimidade para a guerra.

Quero colocar duas questões em relação a isso. A primeira delas é o projeto americano de militarização do espaço, que tem, num projeto antimíssil, uma nova forma de controle militar do mundo, e a tragédia está sendo usada para que isso tramite na cúpula do Congresso Americano com melhores chances e busque o respaldo do povo americano. E há também o fato de que, agora, muçulmanos, palestinos e árabes passam a ser perseguidos no mundo inteiro, como se fossem os responsáveis por essa tragédia. Devem apurar, sim, a responsabilidade pela tragédia, e os que a cometeram têm de pagar com justiça; agora, nós de jeito nenhum podemos admitir que aquela tragédia seja usada a propósito de disputa política, militar e bélica contra os povos do Terceiro Mundo, os povos do Oriente, assim como, muitas vezes, americanos o fizeram no Vietnã, Oriente Médio e na América Latina, tirando a determinação dos nossos povos.

A nossa solidariedade ao povo americano e o nosso repúdio à política beligerante do governo americano. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, na semana passada, de acordo com um trato que fizemos com o Secretário de Educação do Município, visitamos algumas escolas municipais. Nós fomos ver o estado em que se encontravam essas escolas, o estado de conservação, a possibilidade de aprendizado desses alunos, a comunidade do entorno e aquilo que, na verdade, mais interessa para todos nós, que é a possibilidade de as nossas crianças poderem progredir por intermédio da educação. Essa visita foi feita para que depois nós pudéssemos fazer uma discussão com o Secretário da Educação, que, cortesmente, aceitou o nosso convite para poder debater. Mas o que nós vimos em algumas dessas escolas e, principalmente, nas escolas da Restinga, chama a nossa atenção. Eu gostaria que os Srs. Vereadores desta Casa pudessem também atentar para alguns detalhes nas visitas que fizemos, coisas que facilmente podem ser constatadas em qualquer visita dos Srs. Vereadores a qualquer uma das escolas. A Ver.ª Sofia Cavedon, que também é desta área da educação, de repente, pode até atestar a verdade do que falamos.

As escolas do passado, tanto as municipais como as estaduais, tinham um equipamento que, eu acredito, era muito eficiente para dar suporte às crianças que lá estão, que eram os gabinetes dentários, porque principalmente as crianças das camadas mais pobres têm problemas dentários, e estas crianças, no meio de uma aula, podem sofrer algum problema de infecção nos seus dentes, e lá estavam os gabinetes dentários para atender a todas as crianças, até porque os tratamentos dentários são extremamente caros, quase impossíveis de serem suportados pelas famílias mais pobres.

O que nós encontramos nestas escolas, Ver. João Antonio Dib, foi o seguinte: lá não existem mais gabinetes dentários. Numa das escolas que nós visitamos, a Escola Pessoa de Brum, o gabinete dentário foi transformado num fumódromo. Lá, os professores utilizam as salas que antes eram gabinetes dentários para fumar. Isso não é invenção deste Vereador, foi dito pelos próprios professores e pela Diretora, eu tenho gravado. As outras escolas também fizeram transformações.

Essas áreas que antes serviam como gabinete dentário também, hoje, servem apenas para o fumódromo ou para outras destinações.

Uma outra coisa que nós conseguimos, também, detectar: O Partido que está no Governo sempre disse que a sua relação com a comunidade é muito boa e que a comunidade participa ativamente na vida destas escolas. O que nós vimos? As escolas, todas elas, estão extremamente gradeadas, pelo menos algumas dessas escolas. As escolas da Restinga estão extremamente gradeadas. Uma delas deu a impressão, inclusive, de ser mais um presídio do que uma escola. E perguntamos para a Diretora o porquê de tantas grades separando as comunidades dessas escolas. E a resposta que nós recebemos foi a de que é muito perigoso estar naquela localidade e os professores e a comunidade escolar têm de se defender do ambiente hostil que se forma no entorno das escolas, e uma forma de se defender deste ambiente hostil é erguendo essas grades. Fizemos mais outras tantas perguntas, mas uma que eu acredito que chega realmente a interessar para todos nós é com relação ao Orçamento Participativo das escolas. Nem todas as escolas, hoje, recebem aporte para fazer a manutenção devida. Para as escolas poderem fazer frente aos seus problemas de manutenção têm de entrar na divisão do bolo, participando do Orçamento Participativo das escolas, e nem todas elas podem receber as suas migalhas, então muitas estão em situação quase que de desespero. Infelizmente, para todos nós, isso acontece bem aqui, próximo de todos nós, e, muitas vezes, não ouvimos nem notícias nos rádios e nem lemos notícias nos jornais para que possamos tomar conhecimento da miserabilidade do nosso ensino, da nossa educação Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, no período de Comunicações, por cedência de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a propósito, vim à tribuna para falar de escola e de um trabalho que, pela sua grandiosidade e qualidade, repercute aqui na Câmara de Vereadores, inclusive. Mas começo entrando no tema provocado pelo Ver. Luiz Braz, para contrapor algumas idéias.

Nós já tivemos muita polêmica com os gabinetes dentários nas escolas. Realmente, algumas escolas o tinham por uma política anterior à municipalização da saúde, anterior a uma visão mais regionalizada da saúde e inclusive anterior a uma visão de educação como a que temos hoje, uma educação que não tem, não, as portas fechadas, que não está atrás de muros, como possa talvez aparentar, mas uma educação, um grupo de escolas e uma rede que estão inseridos numa rede de atendimento social na região. Portanto, foram substituídos, sim, aqueles espaços de atendimento à criança na escola por uma vinculação às unidades sanitárias da região. As nossas escolas têm, por orientação, o trabalho integrado com as unidades sanitárias, onde os dentistas são potencializados e não ficam só lá na escola atendendo um grupo só de crianças, porque temos de imaginar que na região há muito mais crianças do que em determinada escola, ou só na escola municipal. Então, foi uma otimização de recursos, sem abandonar o atendimento à criança. Pelo menos essa é a aposta e é nesse sentido que tem-se trabalhado.

Quanto aos muros das escolas, eu venho aqui lamentar tanto quanto o Ver. Luiz Braz. Nós sempre lutamos para que a escola não tivesse aquele aspecto gradeado e fomos descobrindo, no processo, que aquilo era muito importante, inclusive para construir boas referências, construir regras coletivamente com os alunos e conseguir com que eles cumprissem. V. Ex.ªs imaginem uma direção e uma equipe diretiva responsável por mil crianças, ao mesmo tempo, em uma escola; se ela não tiver a tranqüilidade de saber que não entram estranhos a qualquer momento, ou que as crianças não saem a qualquer momento, vai ser muito difícil se responsabilizar por esse número enorme de crianças e jovens. O muro faz essa função, infelizmente é necessário. Eu acho que ele deveria ser um pouco menos agressivo, talvez trabalhado com uma cor, mas isso não significa uma escola fechada, não, Ver. Luiz Braz. O que garante uma escola aberta, integrada à comunidade, é o seu funcionamento, a sua gestão democrática; é o conselho escolar funcionando sistematicamente, é a eleição de diretor, é o repasse de verbas discutido pelo conjunto da comunidade, e, aí, discordo de V. Ex.ª, as escolas recebem trimestralmente uma verba para a sua manutenção, para o seu material e não é uma verba muito pequena, não! O Orçamento Participativo é uma verba extra para qualificação, para além do cotidiano das escolas e, aí sim, é discutido pelas escolas na região e disputado por projetos de escolas. E algumas escolas acabam não classificando o seu projeto, mas não é a sua verba de manutenção. Nós não podemos afirmar que o problema da educação no Município de Porto Alegre consiste nas condições de prédios, condições de materiais, de salários, porque isso não é o problema central. Com certeza, nunca a verba é suficiente para tudo o que os professores sonham, e, pela riqueza do trabalho dos nossos professores, não tenho a menor dúvida.

Mas é sobre a escola que eu queria falar mais um pouco. Na quarta-feira, o Ver. Fernando Záchia junto com o Prefeito Tarso Genro estarão firmando um convênio importantíssimo no trabalho de educação que é feito no Município, importantíssimo no encaminhamento dos nossos jovens, nossos meninos de rua que viram jovens. A Câmara de Vereadores, desde janeiro, discute esse assunto – V. Ex.ªs devem lembrar. Nós recebemos uma proposta da Escola Porto Alegre para que os jardins aqui da Câmara pudessem ser trabalhados por grupos de jardinagem, por meninos e meninas que saíram e que estão saindo da situação de rua, através do curso de formação em jardinagem, curso com bolsa - e, para isso, houve um trabalho articulado da Escola Porto Alegre com a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, SMIC, e com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, SMAM -, e eles tiveram formação subsidiada por bolsa durante um ano inteiro. Esses meninos estão prontos para trabalhar; já não são meninos, têm dezoito anos, dezenove anos. Um deles já tem filho, que nasceu nesta semana, e são jovens tentando sair da rua. E a Câmara Municipal, ao fazer essa parceria - onde a Associação do Fórum de Entidades será a intermediária, uma vez que a nossa primeira idéia de que eles fossem estagiários não foi possível, legalmente -, demorou um grande tempo para achar uma formulação que fosse legal para eles trabalharem aqui. Então, será uma parceira muito bem-vinda, que vai caracterizar o compromisso social que esta Casa tem. Pois ela já tem compromisso social, certamente, na discussão das leis, na fiscalização do Governo, mas terá, concretamente, uma ação com o seu Orçamento, que fechará uma cadeia de investimento nesses jovens, que só com a atenção integral nas diferentes áreas conseguem sair da rua.

Convido todos os Vereadores a que acompanhem a assinatura, na quarta-feira, às 11h15min, aqui na Câmara. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e através da TV Câmara, nós estaremos, na próxima quarta-feira, completando um mês de Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o DEMHAB, da qual eu sou o Vice-Presidente. Eu gostaria, hoje, de fazer um balanço do que já produziu esta Comissão Parlamentar de Inquérito. De todos os dezenove pontos levantados, onde nós, já naquela época, dizíamos que havia pontos repetidos, pontos que caracterizavam devassa – que é investigar doze anos de habitação em Porto Alegre –, e o que se pretendia, na verdade, era fazer um debate político sobre habitação, mas não uma investigação séria sobre fatos determinados, a não ser uma série de boatos.

Mas vamos aos fatos e à seqüência do que aconteceu após um mês da CPI nesta Casa. Nós, primeiro, não tivemos a Presidência de quem pediu a Comissão Parlamentar de Inquérito, que, no momento da sua instalação, renuncia, alegando incapacidade para dirigi-la. Imediatamente, nós questionamos: se tem capacidade para pedir, tem capacidade também para dirigir. Logo em seguida, à revelia do Regimento, foram aprovados, por essa Comissão, os suplentes. Ou seja, dos onze Vereadores que compõem a Comissão, a maioria pertence à oposição, portanto, o quórum fica definido sempre pela própria oposição – é só querer ter quórum. Foi estabelecida suplência para os Vereadores; nunca existiu suplência em comissão nenhuma, quanto mais na Parlamentar de Inquérito.

Seqüência dos fatos: primeiro depoimento, o Sr. Severo. Quem é o Sr. Severo? Ele veio e fez aqui um longo debate político sobre a questão habitacional em Porto Alegre, que é previsto, é legítimo, todo mundo pode discutir política habitacional. Mas, efetivamente, ele não representava nenhuma entidade ou sequer tinha qualquer relação com as denúncias dos dezenove pontos. E mais, durante todo o seu depoimento, disse: “Segundo ouvi falar”, “Quem sabe”, “Vi no jornal”. Ou seja, não tinha nenhuma prova sobre nenhum dos fatos. Mas, mais do que isso, o Sr. Severo é assessor do gabinete do Deputado Cézar Busatto.

Vamos para o segundo depoimento, do Sr. Dorizel. Ele se disse presidente de uma associação que legalmente já não existe mais. Ele também não chamou eleição. Mora há quatorze anos no Jardim Leopoldina, não quis assinar os contratos, não quis ir para o loteamento Santa Fé, e pagou três prestações de 50 reais, em quatorze anos. Esse é o segundo depoente, Sr. Dorizel, que tem uma longa ficha criminal.

O terceiro depoimento foi o do Sr. Luiz Antônio, que veio como presidente da Associação da 5ª Unidade. Só que, para surpresa dos integrantes da CPI, ele não mora na 5ª Unidade, mora no Condomínio Harmonia. Também esse senhor não pagou as prestações, tendo recebido três DOCs. Apesar de estar morando há mais de dois anos, alegou problemas e não pagou sequer os três DOCs. Também não soube explicar como foi parar no Condomínio Harmonia. Reclamou da Comissão que definia as pessoas que iam para a 5ª Unidade, mas ele é a pessoa responsável, coordenadora do Movimento de Luta pela Moradia, à época, que definia as pessoas. Ou seja, se autocontestou. Depois, passados dois anos em que ele fazia parte da comissão que definia, e mais, da coordenação do Movimento de Luta pela Moradia, ele também requereu a reavaliação dos critérios, mas, mais do que isso, o Sr. Luiz Antônio foi profissionalizado pelo Deputado Berfran Rosado para fazer campanha política na 5ª Unidade e - segundo o próprio depoente - recebia em torno de 100 reais por semana para trabalhar. Mas um dos critérios eliminatórios dizia que não pode ter mais do que cinco salários mínimos. Vamos, então, fazer um cálculo óbvio. Em 98, receber mais do que 400 reais por mês... Porque, além de receber do Deputado Berfran Rosado, segundo ele mesmo, ele trabalhava com vendas e era torneiro mecânico, obviamente tinha mais do que cinco salários mínimos, mas ele se auto-escolheu e se definiu entre os critérios para ser contemplado, mas não foi para o local.

Na seqüência, o parecer da Polícia Federal dizendo - e aí não importa se foi ou não foi arquivado, o que importa é o que diz a Polícia Federal - que não há crime eleitoral por parte do Diretor Pestana, em todas as averiguações feitas pela Polícia Federal.

E, hoje, o Sr. Marco Antônio veio aqui, deu o seu depoimento, como mutuário, reclamou algumas coisas da negociação, mas, segundo ele mesmo, foi uma boa negociação, e que era bom para os mutuários que o DEMHAB intermediasse aquela negociação, num momento de conflito. Sem contar que o Tribunal de Contas do Estado já havia aprovado as contas do DEMHAB, também a Câmara aprovou parte da negociação feita pelo DEMHAB, e ele veio aqui, como mutuário, legitimamente, reclamar de algumas coisas da negociação, mas que não há nenhum crime, dito por ele mesmo, nenhuma infração feita, dita por ele mesmo, nenhum ilícito, dito por ele mesmo.

Então, completando-se um mês de CPI, Comissão Parlamentar de Inquérito, até agora não foi levantada nenhuma prova que pudesse comprovar qualquer um dos dezenove pontos levantados no pedido de CPI. Esse é o balanço, depois de um mês de Comissão Parlamentar de Inquérito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Esta Presidência passa a direção dos trabalhos ao Ver. Ervino Besson, porque vamos dar abertura à Campanha de Doação de Órgãos, promovida pela Câmara Municipal de Porto Alegre, pela Escola Santa Família e pela Santa Casa de Misericórdia. Convidamos todas as Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores para lá comparecerem para que possamos dar início a esta campanha, no saguão de entrada do Plenário.

O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vou tratar de um assunto relevante para a Cidade, para os moradores, mas antes gostaria de fazer um pequeno reparo no pronunciamento do Ver. Marcelo Danéris, que me antecedeu na tribuna, referente ao desdobramento da CPI.

Em primeiro lugar, ainda estamos buscando as informações, fazendo as oitivas das pessoas e há muito ainda a ouvir e a avaliar; até achamos que está um pouco atrasada nos depoimentos, mas nós teremos oportunidade de acelerar. O que estranho é que o Vereador já esteja tirando conclusões que penso serem açodadas, precipitadas, uma vez que ainda não há a formação de nenhuma condição, porque os documentos ainda não chegaram; os documentos ainda não foram acostados. Os únicos documentos - e aí desminto categoricamente o Vereador, que diz que não há prova nenhuma - que chegaram da 18ª Delegacia trazem provas de que a Sr.ª Maria de Lourdes fez a denúncia lá, e estão sendo chamadas pessoas que o próprio DEMHAB abriu sindicância, porque, o que o primeiro depoente denunciou é que havia um postinho do DEMHAB fazendo, escandalosamente, os mutuários pagarem sem dar recibo, uns miseráveis, pela sua prestaçãozinha. Esses já foram obrigados pelo Diretor atual, que inclusive tem uma suspeita sobre ele, a entrar numa sindicância. E mais, está nos autos da 18ª Delegacia, que foram os primeiros documentos acostados aos autos, que vieram via postal, ficou comprovado que a Sr.ª Maria de Lourdes foi obrigada a pegar o seu Fundo de Garantia para ocupar, não no saldo devedor, mas para dar em prestação e que pagou - está comprovado - para funcionários do DEMHAB, lá no postinho, lá dentro do Leopoldina, e não lhe deram recibo. Quando ela foi no DEMHAB reclamar, no computador não constava que ela tinha feito os pagamentos. Então, houve, sim, desonestidade desses funcionários. Faça-se justiça ao DEMHAB, que foi obrigado e está sob inquérito dentro do DEMHAB. Segundo consta, um teria ido para rua, mas agora me informaram que um outro não foi e que nem esse; ele foi apenas afastado. Então, é prematuro vir aqui fazer afirmações de que não há provas disso ou daquilo. É melhor que nós colhamos os depoimentos e, depois, o Relator e os membros da Comissão avaliem minuciosamente as questões. Agora, eu não vou permitir que venham aqui dizer que não há provas, quando estão sendo acostadas provas documentais, inclusive de sacar o FGTS ilegalmente como o que foi feito com esta pobre Sr.ª Maria de Lourdes.

Eu queria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trazer aqui mais uma situação que recebi ontem. Eu vou todos os domingos ao Brique, e ontem eu recebi da Sr.ª Edelma Gomes, que há vinte e um anos expõe no Brique, a informação de que ela foi intimada para ir à SMIC, não para esclarecimento, mas, sim, para que se retrate, porque tinha sido admoestada para que recolhesse a sua mercadoria, 1,5m, por uma questão de reivindicação da Associação de Paraplégicos e ela teria obstaculizado, alegando problemas na hora de recolher as mercadorias e reivindicado um banheiro. Foi considerada, aí, desrespeitosa essa reivindicação de uma pessoa que tem vinte e um anos de Brique. Então, foi chamada – aí a minha estranheza – na SMIC, não para prestar esclarecimento ou para dialogar, mas para que se retratasse. E ela escreveu uma carta à Comissão Deliberativa do Brique estranhando essa posição. O banheiro que ela reivindica eu acho absolutamente pertinente, porque, Sr. Vereadores, está aqui a Zero Hora do dia 21 de março de 1988, quando eu era Secretário da SMIC, com a seguinte manchete: “A festa dos dez anos leva muita gente ao Brique da Redenção.” E mais adiante diz: “Pedra versus banheiro.” Antes de tomar champanha acompanhada de bolo, o Secretário Nereu D’Avila anunciou que a Prefeitura pretende que seja feita a construção de banheiros para público e expositores. Esse é um velho pedido do pessoal que deverá ser tratado pela Administração do Sr. Alceu Collares. Esse banheiro já foi, pela SMIC, arquitetado próximo ao monumento do Expedicionário e terá 55m quadrados de área construída, com quatro vasos para o público feminino e quatro para o masculino. Tanto o banheiro das mulheres como o dos homens será adaptado para deficientes físicos, devendo contar, ainda, com um local para troca de fraldas.” Então, há doze anos já se tratava disso.

Há um banheiro, sim, para quem vai ao Brique, só que muito afastado mesmo dos expositores de antigüidades, que é o Brique, porque há também a Feira de Artesanato e a Arte no Parque. Principalmente para as mulheres que são expositoras no Brique, fica a uma distância incrível o banheiro, além do que elas se queixam que, no banheiro das mulheres, há filas. Eu, que freqüento o Brique e vou ao banheiro masculino, vejo que ele está antiquado, embora, a bem da verdade, não esteja sujo. Mas é bastante velho, antigo, e não suporta a clientela em dias de festejo. Nesses dias, também no banheiro masculino, formam-se filas. Então, é necessário, há doze anos se reivindica - e isto aqui foi em 23 de março; eu saí em abril de 88 para concorrer a Vereador; por isso não fiquei na SMIC para poder tocar mais o projeto dos banheiros –, e eu continuo reivindicando, que haja um banheiro perto do Monumento do Expedicionário e que seja nesses termos. Pode ter 55, 50, 40m2, não importa agora, mas acho que a Administração, em vez de chamar expositoras que estão no Brique há vinte e um anos, que têm um relacionamento enorme com a população, para serem admoestadas pela SMIC, numa atitude autoritária de uma tal de Sr.ª Cristina, que coordena o Brique, que se preocupe em fazer um banheiro, que não é só para os “briqueiros”, mas para toda a população de Porto Alegre que, aos domingos, vai ao Brique, porque é um ponto obrigatório da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Paulo Brum.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós tivemos, há alguns dias, aqui na Casa, na Tribuna Popular, na Sessão de 27 de agosto, a presença da Irmã Angélica Konzen, que é a diretora do Colégio Santa Família, no 4º Distrito.

A Irmã Angélica vinha trazer, em nome da sua comunidade, especialmente dos seus alunos, reivindicações a respeito de uma situação que é histórica no 4º Distrito sobre a questão do DEP, sobre a questão de alagamentos constantes que aquela região sofre por qualquer chuvinha que aconteça na Cidade. Pois, na última quinta-feira, nós, Vereadores, fomos convidados para uma nova reunião da comunidade Santa Família, reunião da qual participaram o Ver. Luiz Braz, o Ver. Beto Moesch, que é da comunidade, e este Vereador. Além de retomarmos o tema, que é um tema realmente preocupante para aquela comunidade, porque a cada chuva o Colégio se vê invadido por água, e as irmãs, os professores e funcionários se vêem obrigados a madrugar para limpar o Colégio todo, retirando a água e o barro que entram no Colégio, para poder, imediatamente, haver aulas, se não na mesma manhã, no dia seguinte. Nós tivemos ciência, Ver. Pedro Américo Leal, de fatos muito mais complicados do que esse. A Administração Popular não apenas não tem dado solução ao problema, vem empurrando-o com a barriga, como, através de terceiras pessoas que nunca se identificam, mas pretendem falar em nome do Prefeito Tarso Genro, vêm ameaçando a Irmã Angélica.

Esse foi o relato que recebemos na noite de quinta-feira. A Irmã passou a receber recadinhos do tipo: “Olha, o Prefeito Tarso não está satisfeito.” “Olha, o Prefeito Tarso não gosta.” "Olha, o Prefeito Tarso está ficando irritado.” Essas pressões são dadas em recados, ora por telefone, ora diretamente à Irmã, nas reuniões em que ela participa. Só que, pelo jeito, têm errado o endereço, não atingindo a Irmã Angélica, porque, ao contrário de amedrontá-la, têm feito com que, cada vez mais, ela tome a decisão de levar à frente uma reivindicação que, além de ser um direito, um direito de quem paga imposto, um direito de uma escola que tem história num bairro do 4º Distrito, constitui-se também num dever, porque ela, como diretora de uma escola, tem de defender alunos, professores e, evidentemente, a própria comunidade.

Então, tivemos, na quinta-feira, uma boa reunião, em que buscamos esquematizar um modo de atuação em que não apenas a Prefeitura seja obrigada a parar de empurrar com a barriga a situação do 4.º Distrito, e muito especialmente aquela região que fica em torno da Av. São Pedro e todas as suas transversais, como, sobretudo, esperamos que parem de ameaçar a Irmã. Porque se a Administração Popular não é capaz de resolver o problema, pelos menos deveria respeitar a atuação de uma líder, de uma diretora de uma escola, de uma religiosa. Não acredito que o ex-Vereador Airto Ferronato esteja envolvido nisso, como não acredito que pessoalmente o Prefeito Tarso Genro esteja também envolvido nisso. Mas, se as assessorias do DEP, aliás, a Assessoria de Imprensa, que foi trocada recentemente para fazer calar a Irmã, inclusive, em um debate de rádio, ou se a Assessoria Comunitária do Prefeito Tarso Genro imaginavam que, com as ameaças, iriam calar a Irmã, conseguiram o contrário; a partir de agora, é o próprio pároco da Igreja São Geraldo, são as lideranças de associações comunitárias, são diretores de outras escolas que vão se manifestar.

A minha proposta, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, foi muito simples, é fazer aquilo que alguns militantes do PT gostam muito de fazer, sobretudo quando são do MST, quando são desses movimentos todos, que é parar a Cidade. Então, a sugestão que eu deixei é que a comunidade do Santa Família, se valendo dos estudantes, que têm direito de chegarem na sua escola, à qual pagam matrícula para ter educação, faça parar o 4º Distrito. Esta é a proposta: parar o 4º Distrito, com faixas, com bandeirolas, com rádio, com TV. Já que o PT quer calar uma reivindicação justa, nós vamos, mais do que nunca, fazer reaparecer a reivindicação justa. Esperamos, quem sabe lá, ter também a participação dos Vereadores do PT que, em época de eleição, também vão semear votos no 4º Distrito, mas que, depois, somem na hora de ajudar no encaminhamento da reivindicação da Escola e de todos os arredores.

Portanto, o registro, em primeiro lugar, da reivindicação.

Em segundo lugar, quero lamentar que, em nome do Prefeito, se faça ameaça a uma líder comunitária e, muito especialmente, a uma líder religiosa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Encerrado o período de Comunicações. Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 2976/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 197/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que dispõe sobre a obrigatoriedade de ser feita a coleta de preventivo de câncer de colo uterino em 80% das mulheres que compareçam em qualquer Posto de Saúde que compõem a rede de atendimento do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3431/01 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 007/01, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que altera dispositivos da Lei Orgânica do Município. (licença do Prefeito)

 

PROC. 3506/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 023/01, que institui o Programa de Garantia de Renda Mínima associada a ações sócioeducativas, e determina outras providências.

 

PROC. 3548/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 079/01, de autoria da Mesa Diretora, que extingue um cargo em comissão de Assessor em Assistência Social do Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas deste Legislativo e cria os cargos efetivos de Contador I, Psicólogo, Assistente Social e Jornalista Repórter-Fotográfico no Quadro de Cargos Efetivos da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3505/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 005/01, que acrescenta o inciso III ao § 2º do art. 61 da Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999. (garagens/centro)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0941/01 - SUBSTITUTIVO Nº 01, que obriga as empresas do sistema de transporte público de passageiros por ônibus, estabelecidas no Município de Porto Alegre, no momento de integrarem a renovação da frota, a instalarem vidros especiais, cortinas ou outros dispositivos que minimizem a incidência de raios solares no interior de seus veículos, com vistas à proteção dos usuários, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/01, ambos de autoria do Ver. Cassiá Carpes.

 

PROC. 2549/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que altera a Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985 (Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre), inserindo a proibição de assédio moral, definindo a correspondente sanção administrativa.

 

PROC. 3285/01 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/01, de autoria do Ver. Adeli Sell, que altera a Lei Complementar nº 12, de 7 de janeiro de 1975, e alterações posteriores, que institui posturas para o Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3084/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 018/01, que autoriza o Município de Porto Alegre a alienar sua fração ideal sobre o imóvel localizado na Rua Visconde do Rio Branco, 801.

 

PROC. 3394/01 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 021/01, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, e dá outras providências.

 

PROC. 3406/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 233/01, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que denomina Praça Hugo Muxfeldt um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

PROC. 3409/01 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 234/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que denomina Unidade de Saúde Doutor Saul Pinto Ciulla a Unidade de Saúde Bananeiras, localizada no Bairro Cel. Aparício Borges.

 

PROC. 3430/01 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 022/01, que cria função, para fins de readaptação funcional, regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção, na Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC.

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje nós vivemos, na sua plenitude, o 270º dia da administração Tarso Fernando Genro. Isto é, o Prefeito está em Porto Alegre, o Vice-Prefeito está em Porto Alegre, os Secretários estão em Porto Alegre e os Vereadores também estão todos em Porto Alegre. Mas, às vezes, me preocupa a genialidade. E a genialidade, no caso, é a do jovem Ver. Marcelo Danéris. O jovem Vereador coloca à apreciação desta Casa uma emenda à Lei Orgânica. Ele pretende que o Prefeito possa viajar para o exterior, inclusive até quinze dias, sem dar ciência a esta Casa. Aí vamos ter o Prefeito viajante mais viajante do que já o é .

Nós hoje completamos duzentos e setenta dias do Governo Tarso Genro; nesses duzentos e setenta dias, ele esteve fora de Porto Alegre sessenta e nove dias. Se nós considerarmos que houve trinta e oito sábados e trinta e oito domingos, nesses duzentos e setenta dias, deixando de lado os feriados, nós vamos ver que em um terço dos dias úteis o Prefeito estava fora de Porto Alegre. E o Ver. Marcelo Danéris diz que o mesmo tratamento se dá nas esferas estadual e federal. Por isso, a própria Constituição Federal de 1988, em seu art. nº 83, diz que, realmente, o Presidente pode viajar para fora do País por até quinze dias, sem autorização do Congresso. Uma autorização do Congresso é uma coisa difícil; essas medidas provisórias estão na Constituição e não são apreciadas. Realmente, é bom até que autorize, mas o Presidente não viaja tanto para o exterior quanto o Prefeito de Porto Alegre. Nesses duzentos e setenta dias, já viajou meia dúzia de vezes para o exterior. A Constituição Estadual de 1989 diz: “Por período superior a quinze dias, sob pena de perda de mandato do titular do cargo.” E aí é que eu digo da genialidade do mestre e Vereador Marcelo Danéris. O Governador e Vice-Governador não poderão, sem licença da Assembléia Legislativa, ausentar-se do País por qualquer tempo, nem do Estado por mais de quinze dias, sob pena de perda do cargo. Dentro do Estado, o Governador, em qualquer cidade em que ele estiver, estará governando o Estado; como o Presidente, em qualquer Estado, estará governando o País. Mas o Governador não pode sair nem por uma hora fora do País sem autorização da Assembléia Legislativa. E o Vereador dá a entender que ele pode. Mas não pode. Essa genialidade, às vezes, me preocupa. E acho que se derem autorização para o Prefeito viajar até quinze dias para o exterior, ele vai fazer muitas viagens de quatorze dias. Vejam aqui que ele fez Caracas – Venezuela - Montevidéu, duas; Buenos Aires, três; Itália, quatro; Assunção, cinco; Província, cidade italiana, seis; Valparaíso, Chile, sete; e, em duzentos e setenta dias, viajou sete vezes para o exterior. Para isso, ele tem de pedir licença na Câmara, e ele, às vezes, tem medo de pedir licença, porque a Câmara pode-se aborrecer e não dar, como não deu para o Vice-Prefeito.

Por outro o lado, o Prefeito também, parece-me, é uma genialidade generalizada. Hoje, manda um projeto de lei para a Câmara Municipal; a imponência da ementa me faz crer que é realmente interessante: “Institui Programa de Garantia de Renda Mínima associada a ações sócio-educativas e determina outras providências.” Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a formalizar a adesão ao Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à educação, bolsa-escola, instituído pelo Governo Federal.

Parece que, na genialidade de quem examina as coisas deste País, a Prefeitura achou um jeito de usar o dinheiro do Governo Federal, dizendo que vai dar uma renda mínima para todas as famílias com renda média de 90 reais por integrante da família.

Volto a analisar com mais detalhes posteriormente. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho em minhas mãos o Projeto de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que chama a nossa atenção. Chama a atenção - eu acho de todos - por causa do inusitado. O Ver. Marcelo Danéris permite ou quer permitir, por intermédio do seu Projeto, que o Sr. Prefeito Municipal ou o Vice-Prefeito Municipal possam se ausentar do Município por períodos inferiores a quinze dias sem precisar consultar a Câmara Municipal. Vejam que o Ver. Marcelo Danéris está aqui exatamente seguindo a linha do seu Partido, ele está absolutamente coerente com o pensamento do seu Partido; o Partido a que pertence o Ver. Marcelo Danéris não gosta de ser fiscalizado, o Partido a que pertence o Ver. Marcelo Danéris pensa que o Executivo, quando é assumido pelo PT, tem de ser exercido sem que o Chefe do Executivo dê qualquer importância para o Legislativo, que é o órgão que tem a obrigação de fiscalizá-lo. Sendo assim, o Ver. Marcelo Danéris não acha justo que cada vez que o Sr. Prefeito Municipal, como aconteceu na gestão passada, queira ir, por exemplo, assistir a uma copa do mundo na França ou queira fazer uma palestra para a qual ele foi pago, lá na Venezuela - como foi o caso, na Legislatura passada, do Prefeito Raul Pont, o qual estava à frente do Executivo Municipal -, ou que tenha de cumprir com as suas obrigações partidárias e de interesse particular, ele tenha de pedir licença para a Câmara. Mas é muita coisa, é muita pretensão da Câmara, que está aqui representando a sociedade, é muita pretensão da Câmara querer votar a licença de um magistrado, como é o caso de alguém que é eleito pelo PT para representar a sociedade no Executivo! Então ele quer, Ver. Nereu D’Avila, que, quando for por um período menor do que quinze dias, ou seja, de até quinze dias, ninguém possa falar nada para o Sr. Prefeito, esta Casa não tem de se manifestar. Isso é ditadura pura, tanto é que os talibãs muitas vezes ficam no chinelo pelo pensamento que é exposto aqui por algumas pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz, só que o nobre Ver. Marcelo Danéris esqueceu da simetria com a Constituição Estadual, que diz que o Governador não pode se ausentar do País em qualquer tempo, um minuto sequer, sem autorização da Assembléia. Ele esqueceu, ele disse que não existe isso.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ah! Ele disse que não tem isso! Mas acontece o seguinte: eles querem pôr isso aqui no Município de Porto Alegre, aí depois eles levam lá para a Assembléia Legislativa e tentam passar lá na Assembléia Legislativa; aí chega o Presidente da República e vão querer também para o Presidente, e vão por aí afora. Porque as pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores têm de exercer, na opinião de algumas pessoas vinculadas ao PT, felizmente não são todas, o mando sem fiscalização. É assim que fazem aqui em Porto Alegre, tanto é que aqui, em Porto Alegre, há muitos anos, Ver. João Dib, pedimos que os dados da Prefeitura Municipal sejam colocados no computador para que nós possamos fiscalizar e, há muitos anos, o Partido dos Trabalhadores teima em não fornecer os dados para que esta Câmara possa fiscalizá-los. E eles dizem o seguinte: que são absolutamente morais, que estão acima de qualquer suspeita. Olha, eu realmente tenho lá as minhas dúvidas se quem se esconde tanto da fiscalização, ou quem quer fugir tanto da fiscalização realmente é gente que está acima de qualquer suspeita. Eu tenho as minhas dúvidas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Hoje eu queria referir-me a alguns Projetos que estão em Pauta. O primeiro deles, o Projeto do Ver. Humberto Goulart, PLL nº 197/01, que trata da realização, na rede de saúde do Município, de exames preventivos do câncer de colo uterino, o conhecido Papanicolao. Nós consideramos que realmente esse exame é de grande importância e na verdade não é um gasto a mais para o Poder Público, porque a prevenção de doenças do colo de útero permite uma economia muito maior do sistema de saúde do País, além de preservar importantes vidas. Nós sabemos da incidência bastante elevada desse tipo de câncer. Em termos médicos, as informações que temos - e até conversávamos sobre isso com o Ver. Humberto Goulart - é que 100% das mulheres deveriam realizar esse exame. Parabenizamos o Ver. Humberto Goulart pela iniciativa, por sua preocupação permanente com as questões de saúde, como um Vereador realmente conhecedor da questão e sensível às necessidades do atendimento público a esse tipo de problema.

Nós temos algumas preocupações, algumas dúvidas, sobre as quais já conversamos com o Ver. Humberto Goulart; ficamos de aprofundá-las e talvez fazer alguma emenda para aperfeiçoar o Projeto. Na sua ementa, o Projeto dispõe sobre a obrigatoriedade de ser feita a coleta de preventivo de Câncer de colo uterino em 80% das mulheres que compareçam e, no artigo 1º, que deverá ser oferecido às mulheres que compareçam ao exame, de forma a atingir pelo menos 80%. Então, algumas questões que surgem é que esse exame, em primeiro lugar, é para mulheres que já mantiveram relações sexuais, e parece-me que definir a proporção de 80% nos coloca a dificuldade de como determinar isso. Segundo, a mulher tem o direito de aceitar ou não o oferecimento do exame. Então, a minha dúvida é como fixarmos um percentual. Ficamos de conversar sobre isso juntos, mas deveríamos, primeiro, ter em conta que o exame é para uma parcela das mulheres: só as mulheres que já mantiveram relações sexuais, que não são mais virgens, é que são submetidas a esse tipo de exame. Segundo, deve ser oferecido o exame e eu diria que o oferecimento deve ser para 100%. O oferecimento não deve ser para 80%, teria que ser oferecido para 100%. Porém, ficaria, evidentemente, ao arbítrio da mulher que tem o direito de aceitar ou não realizar o exame e penso também que deveria ser feito todo um trabalho de esclarecimento, de divulgação.

 

O Sr. Humberto Goulart: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho que tem de oferecer para todas as mulheres, mas os 80% que coloquei no Projeto foi no sentido da meta, atingir meta. Modernamente, dizemos assim: 67%, 50%, 80%, 100% não, mesmo porque só 4% das mulheres fazem, neste momento, exame. Então, eu não me atrevi a colocar 100%. Mas vamos aprofundar o assunto.

 

O SR. RAUL CARRION: Nós tínhamos, inclusive, conversado sobre isso. Acho que nós temos que encontrar uma formulação que, em primeiro lugar, ofereça 100%. Talvez a meta não precise ser colocada no Projeto; desde que haja todo um esclarecimento, uma indução sobre a importância do exame e o oferecimento em 100% para as mulheres em condições de fazer o exame. Talvez nós possamos encontrar uma formulação melhor, mas o principal é parabenizar a iniciativa.

 

O Sr. Humberto Goulart: Um pequeno aparte: é a segunda doença que mais mata mulheres no Rio Grande do Sul e é uma doença que não deveria existir.

 

O SR. RAUL CARRION: E é um exame extremamente simples, econômico. São essas as nossas observações sobre este importante Projeto do Ver. Humberto Goulart.

Também gostaríamos de nos referir - e nos parece que tem bastante importância - ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 005/01, que altera o nosso Plano Diretor, a Lei Complementar 434; a alteração é no art. 61, cujo caput "Caracteriza Empreendimento de Impacto Urbano de Primeiro Nível. O Projeto Especial de abrangência local, com adequação de normas quanto ao regime volumétrico, ao uso do solo e ao entorno urbano imediato". O seu segundo parágrafo contemplava duas situações, tendo sido acrescido do inciso III, que trata de projetos que tiverem acesso a garagens nas vias com proibição para tal, na área de revitalização do Centro. Na verdade, este Projeto abre a possibilidade de projetos especiais - caracterizados como de impacto urbano de primeiro nível - para os chamados estacionamentos subterrâneos, o que nos parece ser algo importante e interessante para a nossa Cidade. Então, chamamos a atenção para este Projeto do Executivo que, evidentemente, todos nós vamo-nos preocupar, examinar e tentar aperfeiçoar, se necessário for. Agradeço a atenção dos nossos pares. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria discutir, hoje, em Pauta, a questão do Projeto sobre renda mínima, mas a intervenção do Ver. Luiz Braz, prezado amigo, colega, não possibilita que eu inicie essa minha intervenção sem fazer um pequeno comentário sobre o que ele aqui dissertou.

O Ver. Luiz Braz, eu até lhe pedi desculpas, pois na Legislatura anterior eu fiz uma brincadeira com ele, dizendo que era uma bela voz, mas com idéias distorcidas. Eu já pedi desculpas, na verdade, foi uma brincadeira. Mas às vezes eu fico em dúvida, porque o Ver. Luiz Braz, às vezes, faz uma tautologia e carrega a sua intervenção de um número tão grande de envieses que eu não sei se o Ver. Luiz Braz está brincando, se ele está falando sério ou qual é o seu objetivo.

Eu digo isso porque eu conheço o Ver. Luiz Braz, e sei que é uma das pessoas que mais trabalha nesta Casa; é uma pessoa que estuda as matérias; sou se colega na Comissão de Constituição e Justiça e sou testemunha disso, todos os seus pareceres é ele mesmo quem faz, não é a assessoria. Ele estuda profundamente as matérias que coloca em discussão na nossa Comissão. Então, eu conheço o Ver. Luiz Braz e, por conhecê-lo e saber que é um homem inteligente, não posso entender que ele fique contra que o Município de Porto alegre, por exemplo, faça intercâmbio com outros países, trazendo recursos para a Cidade. Eu não posso entender que o Ver. Luiz Braz venha aqui tentar passar para a Cidade de Porto Alegre e possa pensar, se nós alterarmos a Lei Orgânica do Município, sobre uma questão que eu não me detive ainda - é uma proposta do Ver. Marcelo Danéris, nosso colega, dispondo sobre a licença do Prefeito para viajar -, que nós, do Partido dos Trabalhadores, vamos ficar por toda a eternidade governando a Cidade. Eu, realmente, acho que, no mínimo, quatro mandatos mais nós temos, pelo trabalho que vimos realizando. Mas um dia vai haver alternância de poder, Ver. Luiz Braz, e o partido em que V. Ex.ª estiver poderá se utilizar desse dispositivo. Eu não estou entrando no mérito.

De outra parte, essa discussão traz à colação o fato: será que nós vamo-nos envergonhar por Porto Alegre, hoje, ser, Ver. Humberto Goulart, o principal núcleo, a principal cidade produtora de políticas públicas que vão no sentido contrário ao processo neoliberal? Uma Cidade que faz com que seus recursos sejam colocados à disposição da população, para que a população tenha serviços públicos? Será que em Porto Alegre, que produz tudo isso, e o mundo inteiro quer ouvir Porto Alegre, a Câmara de Vereadores quer ser tão tacanha, tão pequena, a ponto de impedir que os dirigentes desta Cidade possam ir lá estabelecer contatos, estabelecer convênios e dizer da experiência que aqui vivemos?

Portanto, Ver. Luiz Braz, é de uma insensibilidade total. V. Ex.ª participa, hoje, de um grande Partido em nível nacional; o seu Partido tem condições de, um dia, assumir a Prefeitura de Porto Alegre e poderá também se utilizar dos dispositivos. A Lei Orgânica não é feita para o PT. E V. Ex.ª, com a inteligência, a bela voz que possui, a boa oratória, quer fazer a população crer que estamos fazendo uma operação em benefício do PT? Não, nós estamos alterando a Constituição do Município, que é a Lei Orgânica.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Juarez Pinheiro, não há dúvidas de que eu estou conversando aqui com uma das pessoas mais inteligentes que já passou por esta Casa. Vou fazer uma pergunta e gostaria que V. Ex.ª respondesse para o público. Não seria justo que, em qualquer viagem do Sr. Prefeito para tratar desses assuntos que ligam o Prefeito a Porto Alegre, ele discutisse com a Câmara a importância ou não dessas viagens?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Luiz Braz, se V. Ex.ª entendeu a minha intervenção, eu não estou inclusive discutindo o mérito da proposta do meu colega, Ver. Marcelo Danéris, que, aliás, teve um belíssimo desempenho na eleição municipal do nosso Partido, estou falando, Ver. Luiz Braz, é que, às vezes, algumas intervenções de V. Ex.ª, quando fala nas viagens do Prefeito, demonstram que V. Ex.ª parece que não quer que o Prefeito viaje, parece que V. Ex.ª não quer que nossa Cidade seja conhecida no concerto mundial, parece que V. Ex.ª é contra a que o Município estabeleça convênios, estabeleça relações com outras cidades. É sobre esse enviés, Ver. Luiz Braz, que eu penso que, na sua inteligência, na sua capacidade de oratória, V. Ex.ª tem de pensar. V. Ex.ª partidariza essa questão, em detrimento dos interesses gerais da Cidade. Eu não estou entrando no mérito da proposta que está sendo colocada para discussão. Eu digo da sua fala. Ou seja, nós temos de nos orgulhar, Ver. Pedro Américo Leal, de vivermos numa cidade sobre cuja experiência o mundo inteiro quer escutar. Nós somos felizes por viver em Porto Alegre! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Mascarenhas de Morais, Bagé, o Ver. João Bosco Vaz brinca comigo. Isso mesmo, ele e eu somos de Bagé. Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, venho aqui discutir, obviamente, o Projeto de autoria deste Vereador, que diz que, por um tempo menor que quinze dias, o Prefeito ou o Vice-Prefeito não precisam pedir autorização da Câmara; por um tempo maior, sim. Mas o Ver. João Antonio Dib e o Ver. Luiz Braz fizeram considerações sobre o Projeto.

Quero primeiro lembrar um episódio que tivemos há pouco aqui nesta Casa, em que, numa viagem do Vice-Prefeito, sem ônus para o Município, onde ele ia acompanhar e também ser palestrante, levando a experiência de Porto Alegre para a Espanha, e lá iria manter contatos sobre as questões da água com pessoas do Governo da França e com o próprio Governo da Espanha, junto com a nossa Prefeitura, para que trouxéssemos experiências e, quem sabe, um convênio para Porto Alegre, na questão da água, que é tão importante para o nosso Município, pois isso ficou prejudicado, única e exclusivamente, por uma disputa política, que é legítima, mas que se deu dentro deste Plenário e que secundarizou os interesses do Município, priorizando um debate partidário, um debate político, mas que jamais poderia prejudicar a comunidade de Porto Alegre.

A partir daí este Vereador teve essa idéia, porque o Presidente do País só precisa pedir autorização à Câmara Federal em períodos superiores a quinze dias. E no Governo do Estado a informação é essa também, inclusive de que, no governo anterior, se viajava sem autorização, apenas com um comunicado à Assembléia. Mas temos também um diferencial: vários Vereadores, desta tribuna, já anunciaram que sempre votarão contra as viagens do Prefeito e do Vice-Prefeito; independente do mérito, sempre votarão contra. Falaram isso desta tribuna. Infelizmente, fui testemunha. Mas também li nos jornais que Vereadores disseram que, se não for para buscar investimento, votarão contra sempre, numa visão estreita de que a Cidade é mercadoria, ou seja, a Cidade não tem mais laços culturais, laços sociais, laços de toda espécie com convênios, com teatro, música, saúde. O Ver. Humberto Goulart sabe dos convênios importantes que temos para a saúde, que, obrigatoriamente, não vêm com dinheiro no bolso para a Cidade, mas são convênios de estudos importantes para a saúde. Então, o Vereador que anuncia que sempre votará contra, se não for para buscar financiamento, obviamente prejudica a Cidade, não só do ponto de vista da sua imagem no exterior, mas também na sua relação com a cultura, na sua relação com a saúde, na relação com a educação. Quando, por exemplo, o Prefeito esteve, com este Vereador e o Presidente da Casa, Ver. Fernando Záchia, no Uruguai, onde foi fechado um convênio que tratava sobre educação - e não é financiamento nenhum, é um convênio de experiências na área de educação entre duas cidades que iriam trocar essas experiências, o que é fundamental. Nem sempre, diria até que em poucas vezes, se envolve a questão financeira, mas, sim, de convênios, de contatos, de estímulo à cultura e tantas outras áreas importantes. Isso é prejudicial. Então, por que expor o Plenário a um tensionamento, única e exclusivamente por uma disputa político-partidária e que pode, muitas vezes, colocar em risco o interesse do Município, que está acima dos interesses dos partidos que compõem esta Casa?

O Ver. Luiz Braz fez uma provocação aqui; ele disse que isso é do PT. Tirar força do Legislativo é a linha do PT. Mas, Ver.ª Helena Bonumá, veja só que engraçado: o Presidente pode ausentar-se do País sem pedir autorização nenhuma para o Congresso Nacional! Quem fala é um Vereador que por dois anos esteve assessorando um Deputado Federal e acompanhando o cenário do Congresso Nacional. Sem pedir autorização nenhuma, nem um comunicado, o Presidente faz, e fez isso com a Presidência do seu Partido, quando o Senador Antônio Carlos Magalhães era Presidente do Congresso, e o Presidente da República não pede nada, viaja, volta e presta contas se quiser. Tem mais, eu gostaria de lembrar que, historicamente, o PT sempre defendeu os legislativos e a sua abertura, ao contrário, de novo, do que acontece na história, durante o período da ditadura militar, em que os legislativos foram fechados; foi com o apoio do Sr. Antônio Carlos Magalhães, Presidente do PFL, e, portanto, do seu Partido, Ver. Luiz Braz. Eles fecharam os legislativos, ao contrário de nós, que os abrimos para a democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Encerrado o período de Pauta. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, no uso do tempo de Liderança do PC do B, eu queria fazer um convite a todos os Senhores e Senhoras Vereadoras, e a todos os que nos assistem, para um debate que teremos, no dia de amanhã, promovido pelo nosso Partido, o PC do B, que se realizará no Auditório da Assembléia Legislativa, às 19h, e o tema será: “Um Novo Rumo para o Brasil, um Projeto Alternativo.” Esse debate contará com a participação do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Olívio Dutra, convidado por nós, e com o Vice-Presidente Nacional do Partido Comunista do Brasil, Sr. Renato Rabelo, que irão discutir essa situação terrível que vive o nosso País, de crise, de dificuldades, de apagão, fruto da implementação do projeto neoliberal neste País e a busca de uma saída, uma proposta, um projeto diferenciado disso que aí se encontra. Esse debate será coordenado pela nossa Deputada Jussara Cony. Independente de opiniões diferenciadas, nós queremos convidar todos os nossos companheiros e companheiras para se fazerem presentes.

Em segundo lugar, nós gostaríamos de dar conhecimento à Casa e à população - apesar de já termos encaminhado esse documento na quarta-feira passada pessoalmente aos Vereadores - do comunicado do PC do B acerca dos atos terroristas ocorridos em Nova Iorque. Passo a ler o comunicado do Partido Comunista do Brasil: (Lê.) “1 - Uma série de ataques terroristas ocorreu na manhã de 11 de setembro nos Estados Unidos, atingindo centros econômicos, políticos e militares de grande importância nas cidades de Nova Iorque e Washington. O Partido Comunista do Brasil condena de forma veemente esses métodos de ação política, que só agravam a situação mundial. Expressa também o seu pesar ao povo norte-americano, lamentando a morte de milhares de pessoas. 2 - Esses atentados acontecem num momento em que a maioria da população mundial está submetida a uma ordem social extremamente injusta e desigual, onde campeia a insegurança e o intervencionismo, que tem o governo dos Estados Unidos como principal artífice. É grande a revolta contra o crescente hegemonismo e belicismo norte-americano. 3 - O Partido Comunista do Brasil luta por um novo ordenamento político, social e econômico, em que haja convivência pacífica e cooperação entre os povos e nações. São Paulo, 11 de setembro de 2001. Direção Nacional do Partido Comunista do Brasil.” Esse comunicado foi divulgado no mesmo dia dos acontecimentos.

Isso posto, queríamos manifestar, também, a preocupação que o PC do B tem hoje com os desdobramentos que esses acontecimentos estão tendo, na medida em que os Estados Unidos, com justa indignação contra o que aconteceu - que nós reconhecemos -, extrapola no sentido de desconsiderar o direito internacional e se coloca no direito de aplicar a "lei do talião", ou seja, de decidir que nações deverão sofrer ataques armados e militares, iniciando uma verdadeira terceira guerra mundial. Nós entendemos que o caminho não é esse, que a luta contra o terrorismo é um combate de todos aqueles que lutam por um novo mundo, mais democrático, mais livre, onde as nações tenham a sua soberania e onde os povos tenham os seus direitos respeitados.

Chamamos a atenção a algo que a nossa imprensa pouco tem tratado: que o Osama bin Laden e os talibãs foram, na verdade, financiados, criados - no momento em que o Afeganistão tinha um governo de esquerda -, impulsionados e subvencionados pelos Estados Unidos. Osama bin Laden é uma criação da CIA e dos Estados Unidos. Isso tem de ficar muito claro, portanto é o "feitiço que voltou-se contra o feiticeiro"; apesar de não concordarmos com esses atos terroristas, entendemos que deve ser através da ONU - a Organização das Nações Unidas - que devem ser encaminhadas as punições devidas, justas e necessárias a esses que cometeram tais crimes. Mas, não cabe a nenhuma nação criar uma cruzada antidemocrática, por cima das nações, inclusive criando um clima de xenofobia em relação às populações árabes.

Então, são preocupações que o PC do B traz aqui, ao mesmo tempo que repudia esses atos de terrorismo. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o mundo continua a viver os profundos impactos decorrentes da ação terrorista, que, equivocadamente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, salvo melhor juízo, se diz que foi contra os Estados Unidos. Eu penso que há um equívoco nessa visão. A ação terrorista que se abateu sobre as duas cidades americanas foi uma ação que se jogou, da forma mais cruel, contra a humanidade, contra a civilização, enfim, contra os valores humanos. Então, a nossa solidariedade, a solidariedade da civilização tem de ser absoluta. Agora, o terrorismo tem de ser extinto, porque ele é o crime mais hediondo que a bestialidade humana pôde atingir, por assim dizer. O que não se pode - e a nação agredida, a meu juízo, não pode desencadear - é, exemplificativamente, haver uma guerra racial, porque o terrorista é o terrorista. O terrorismo não é privilégio desta ou daquela raça; o terrorismo é privilégio do terrorista. Então, o terrorismo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem de ser buscado encontre-se onde se encontrar e punido exemplarmente, porque, ou a civilização extingue o terrorismo ou o terrorismo extingue a civilização. Essa é a verdade que decorre dos acontecimentos que a humanidade está acompanhando.

O nosso entendimento é de que o terrorismo não tem país, não tem raça, não tem ideologia; o terrorismo é o terrorismo e, como tal, tem de ser extirpado, sob pena de ele extirpar a civilização. Esta é a situação do mundo civilizado, do mundo que quer construir a paz: a civilização ou o terrorismo. Não há meio termo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Agora, não se pode ampliar a tragédia à vida nos Estados Unidos. Então, ao elaborar a sua ação, que tem que ser violenta, sim, contra o terrorismo, os americanos não podem cometer o equívoco de ampliar a tragédia. Não se pode atacar populações, há que se atacar os terroristas, esse é o caminho. Portanto, o terrorismo não é privilégio, nem é apanágio dessa ou daquela raça, o terrorismo é o terrorismo e, com tal, tem de ser extirpado, sob pena de ele aniquilar a civilização, e deu a demonstração.

Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a civilização vem-se desenvolvendo e estabelecendo os seus aparatos de defesa. Não podiam imaginar os americanos que ali, dentro do seu território, utilizando as suas armas, estava o mais poderoso de todos os exércitos que o homem pode imaginar.

Então, fica aqui a nossa manifestação no sentido de colocar o nosso juízo, que tem de ser de solidariedade absoluta à nação americana para extinguir o terrorismo, esteja onde estiver. Agora, que não se cometa o equívoco de ampliar a tragédia existente, procurando desta ou daquela forma atingir esta ou aquela raça, este ou aquele povo, seja onde for. Contra o terrorismo, tem-se de fazer justiça, sob pena de ele extinguir a civilização. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, assim como, eventualmente, nós, Vereadores da oposição, devemos fazer a fiscalização e a critica à Administração Municipal, também devemos fazer registros e louvar quando as solicitações das comunidades, encaminhadas a diferentes autoridades, são devidamente atendidas. Eu quero aqui fazer o registro de respeito e agradecimento ao Secretário Luiz Carlos Bertotto, titular da SMT, que há menos de um mês recebeu uma comunidade da Zona Norte que tinha requerimento de extensão, pequena modificação no trajeto de uma linha de ônibus, em relação ao novo condomínio que ali está-se formando. Pediu um prazo de dez dias para resolver a situação e, efetivamente, não apenas resolveu essa situação em relação ao ônibus, que era uma solicitação urgente, como inclusive está encaminhado uma possibilidade em relação a táxi-lotação naquela região. Portanto, quero aqui deixar este registro e o meu agradecimento, em nome dos moradores da Zona Norte, pelo respeito do Secretário, que atendeu imediatamente o pedido de audiência, ao contrário de muitos secretários municipais que, às vezes, levam um mês para conseguir atender a um Vereador. E não só recebeu os moradores e este Vereador, como encaminhou a solicitação requerida, que não é de um Vereador de oposição, mas, sim, da comunidade.

Em compensação, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me vejo obrigado e vou passar ao Ver. Estilac Xavier, só não vou fazer dedicatória, porque fica chato, uma fotografia que acompanhou o Pedido de Providências nº 352/01, de 19 de abril. Talvez, porque fosse Dia do Índio, a SMOV resolveu fazer um programa de índio e sequer responder, muito menos, imaginem, atender. Estávamos pedindo que a Av. Manoel Elias tivesse solucionado um problema que é exatamente a situação de um canteiro central que surgiu da duplicação e do asfaltamento da Manoel Elias, sobretudo próximo à FAPA, com a Av. Protásio Alves, que tem gerado problemas de queda de pessoas, sobretudo de terceira idade ou pessoas que têm dificuldades de visão. Nós, na época, fazíamos um documentário com fotografias, e o enviamos junto com Pedido de Providências à SMOV para que se fizesse um atendimento. E não é nem a Prefeitura, Ver. Estilac Xavier, é a empreiteira que tem de fazer isso com a fiscalização da Prefeitura. Pois, a única novidade que tivemos é que o pneu velho sumiu. O pneu não está mais lá, quase seis meses depois. Mas, obra, que é bom, nada. E, nesse final de semana, nós tivemos um acidente razoavelmente grave com uma pessoa idosa, uma senhora que, ao atravessar essa área, tropeçou, caiu e foi colhida por um automóvel. Esse é o tipo de situação lamentável de omissão por parte de um órgão público que, em última análise, é pago. E, nesse caso, havíamos feito duas denúncias: a primeira é que as calçadas criadas pela obra de pavimentação, ao invés de resolverem os problemas dos moradores, haviam criado problemas para os moradores, porque a água da chuva começou a entrar nos prédios, quando, obviamente, qualquer engenheiro, minimamente formado, saberia que teria de ter sido feita uma canaleta junto às calçadas para evitar, separando as residências, pátios e calçadas para drenar essa água.

O Ver. Estilac Xavier, durante muito tempo, dirigiu muito bem a SMOV, diga-se de passagem, porque nunca ouvi esse tipo de queixa quanto à SMOV no tempo do Ver. Estilac Xavier. Pois, não foi feito isso aqui. A água entrava nas casas. Fizemos essa reivindicação. Os técnicos da SMOV estiveram lá; resolveu-se esse problema. Agora, continua o problema da avenida, do canteiro central provocando a situação que dizíamos, em tese, de perigo de acidente, e que, agora, não é mais em tese; agora é concreto, porque tivemos um acidente nesse último sábado.

E, por fim, Sr. Presidente, esperamos que a empresa ISO 9002, Carris, que tanto se orgulha do título conquistado de ser a melhor empresa nacional de transporte urbano, respeite, se não os Vereadores, pelo menos a área contígua à Câmara de Vereadores e oriente o largador, Sr. Luiz, e os motoristas dos ônibus T1 a não andarem na contramão aqui no estacionamento. Na última terça-feira, tivemos quase que uma batida frontal entre o ônibus 113 e o carro de um Vereador desta Casa, exatamente porque o veículo 113 estava na contramão no acesso. E o pior, o largador, Sr. Luiz, achou que o motorista tinha absoluta razão. Eu venho reclamando isso há muitos anos literalmente. É preciso que se dê um jeito nessa área de estacionamento, que é extremamente conturbada, que coloca em risco não apenas os Vereadores, qualquer Vereador, mas todas as pessoas que buscam acesso aqui à Casa, quer vindo pela avenida, quer entrando pela parte de trás, junto ao parque. Realmente, está na hora de darmos uma pequena organizada nessa desorganizada área do terminal da Cia. Carris Porto-Alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a exemplo de outros Vereadores que me antecederam nesta tribuna, traz-me aqui esta preocupação com o terrorismo que está tomando conta do planeta. Não venho aqui discutir a política internacional dos Estados Unidos, a reclamação dos países que sofrem o boicote dos Estados Unidos, o que me traz aqui é a situação das famílias que tiveram os seus entes queridos mortos, feridos, desaparecidos nessa tragédia. Milhares e milhares de inocentes, jovens, idosos, homens, mulheres, crianças, quem sabe, pagaram com a vida pelo desatino de grupos extremistas, e nem nós nem ninguém consegue ter a percepção, consegue ter o alcance, de tentar adivinhar, tentar saber, tentar compreender atos tresloucados, inimagináveis como esses que, a todo momento, estamos presenciando no mundo, a todo o momento. Esses fatos ocorridos nos Estados Unidos representam, com certeza, o desejo da sociedade, da população mundial, de dar um basta nesta situação toda. E pensando nesses milhares de inocentes que sucumbiram, pensando em outros milhares de inocentes que deram a sua vida em atentados no mundo todo, é que eu quero propor a esta Casa, propor aos Vereadores – e, há pouco, eu estava conversando com o Ver. João Antonio Dib, que me orientava sobre isso - criar, com o apoio dos Vereadores, em um de nossos parques de Porto Alegre, um memorial pela paz, no qual possamos deixar escrito que o dia 11 de setembro de 2001 foi o dia em que o mundo parou e chorou pela morte de milhares de inocentes que estavam lá trabalhando e que não sabiam o que estava acontecendo. Eu e o Vereador João Dib fizemos uma rápida pesquisa, há pouco, para saber se já não existia em Porto Alegre uma “praça da paz”, para que pudéssemos lá apenas colocar uma placa. Como não temos a praça da paz em Porto Alegre e não temos espaço para criar uma praça da paz, este Vereador quer criar um memorial pela paz com os dizeres que mencionei há pouco: “11 de setembro de 2001: dia em que o mundo parou e chorou a morte de milhares de inocentes”, sem ônus para a Prefeitura, com o consentimento da Prefeitura e, quem sabe, com a ajuda dos próprios Vereadores e da comunidade para que possamos fazer esse monumento, um memorial. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Bosco Vaz tem o integral apoio da minha Bancada na sua idéia excelente de fazer um memorial pela paz. A paz é, sem dúvida nenhuma, a mais importante das coisas na vida do homem e da própria humanidade. Quando o homem está em paz, tudo vai bem, não tem mais problemas. O difícil é conseguir a paz. E se nós pudermos colocar um pequeno esforço, por menor que seja, para que esta paz seja conquistada, nós devemos fazê-lo, e o Ver. João Bosco Vaz está propondo algo que o porto-alegrense deve ver e lembrar todos os dias, ou seja, um dos nossos parques poderá receber um monumento, e tenho a absoluta convicção de que a população vai ter interesse, vai ajudar, porque nós, Vereadores, também vamos fazer isso, Ver. João Bosco Vaz, e a Cidade vai estar lembrando, permanentemente, que a paz é importante e nós não queremos mais os horrores a que nós assistimos no dia 11.

Mas, por falar em paz, as pensionistas devem, agora, estar em paz, porque, no dia 27, recebem, nas agências do Banco do Brasil, a integralidade das suas pensões. A Lei foi fruto de um trabalho exaustivo desta Casa, recebeu alguns Vetos de S. Ex.ª o Sr. Prefeito - e nós examinaremos os vetos -, mas ela foi sancionada no dia 06 de setembro. E eu gostaria de lembrar que, no art. 6º, § 5º, diz que: até 30 dias após a publicação desta Lei Complementar, o Município, através da Secretaria Municipal de Administração, deverá prover os meios necessários para a eleição e posse de membros do Conselho Gestor e a indicação dos membros do Conselho Fiscal. Então, eu gostaria que o Executivo tivesse a mesma presteza que teve na sanção da Lei e na assinatura do Decreto que regulamenta esta Lei, que está no jornal do dia 14 de setembro e deve ter sido sancionada no dia 13 de setembro. Este entusiasmo da Prefeitura na sanção e veto parcial da Lei, e na edição do Decreto, eu quero que exista também na execução desta determinação legal, que é a eleição organizada dentro de 30 dias. E também eu quero fazer um apelo ao Montepio para que não deixe de fornecer o cadastro que ele tem daquelas pessoas que recebiam pensão através da Entidade. E acho que, se há uma preocupação com as pensões, se o Montepio parece demonstrar esta preocupação, ele mostrará a verdade da sua preocupação entregando o cadastro sem maiores problemas, porque todos que recebem pensão, recebiam pensão, lá, passarão a receber no dia 27, nas agências do Banco do Brasil. Correspondências estão sendo enviadas. E eu acho que esta Câmara marcou um ponto quando resolveu o problema de quatro mil e tantas pensões que não eram recebidas com a integralidade e agora passarão a sê-lo, com o trabalho desta Casa, com o trabalho dos Vereadores desta Casa, que irão analisar os vetos do Prefeito. E, aí, nós concluiremos se deveremos derrubar todos ou alguns; isso nós vamos saber pelo estudo, claro, pelo estudo sério, responsável, de cada um de nós, que temos responsabilidade sobre esta Lei que trouxe solução para quatro mil e duzentas pensões que eram pagas, não na integralidade, e que, a partir do dia 27, serão recebidas na integralidade. Espero que todos aqueles que tenham responsabilidade de uma ou de outra forma sobre estas pensões facilitem ao máximo, porque eu tenho recebido telefonemas de pessoas idosas, pessoas cujos esposos trabalharam comigo, nos diferentes cargos que ocupei na Prefeitura, dizendo da sua preocupação. Mas eu quero que saibam que, no dia 27, receberão nas agências do Banco do Brasil e as correspondências estão sendo enviadas pela Prefeitura. Hoje recebi cópia das correspondências e espero que o Montepio auxilie no que for necessário para que ninguém fique para trás clamando por justiça, clamando pela paz, que é necessária. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Ervino Besson, presidindo os trabalhos nesta tarde, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras, senhores, eu ouvi o Ver. João Bosco Vaz pregando a construção de um monumento pela paz, aqui, em Porto Alegre. Ouvi o Ver. João Antonio Dib enaltecendo a idéia trazida pelo Ver. João Bosco Vaz, mas eu tenho, Ver. João Bosco Vaz, um medo muito grande de que, se V. Ex.ª conseguir, realmente, erguer um monumento pela paz, a qualquer instante, os sem-terra, guarnecidos pela Brigada Militar, invadam, aqui, esta Cidade e quebrem tudo, porque, na verdade, mais se parecem com as milícias talibãs do que com qualquer outra coisa. Mas, em todo o caso, acho que é muito bom que V. Ex.ª venha aqui e pregue que possamos fazer, aqui, em Porto Alegre, esse monumento pela paz, mas eu duvido que ele fique de pé por muito tempo, duvido!

Mas, por falar em ficar de pé, o Ver. João Antonio Dib tratou de um tema, aqui, nesta tribuna, que acho extremamente importante, que é a legislação que votamos, nesta Casa, dando para os municipários a possibilidade de terem a sua previdência. Mas é claro que, para que essa Lei entre em vigor, é necessário, também, que haja um referendo. Isso fazia parte do art. 1º do Projeto que aprovamos nesta Casa. E o que fez o Sr. Prefeito Municipal? O Sr. Prefeito Municipal vetou o art. 1º.

Ver. Pedro Américo Leal, a Lei Complementar nº 96, que é uma Lei Federal, diz como deve ser elaborado um projeto de lei e fala que o art. 1º de um projeto de lei, o art. 1º da lei é que dá o objeto dessa lei. Ora, o art. 1º, que fala exatamente que são os funcionários que devem votar se querem ou não a sua previdência através dessa autarquia, esse art. 1º ainda está sendo discutido porque foi vetado.

Então o que tenho receio é que o que sobrou da Lei possa estar trazendo uma falsa expectativa para todas as pessoas beneficiárias, que são as viúvas, hoje. Por quê? Porque acontece que o que sobrou da Lei diz que elas vão receber 100%. Então, olhem só, a partir do dia 27, agora, o Município passa a pagar 100% daquilo a que elas têm direito - elas estavam recebendo 60% porque o Município não fazia o repasse ao Montepio em quantia suficiente -, elas passam, então, a receber 100%.

Imagine V. Ex.ª que, não no ano que vem, mas talvez no outro ano, vai acontecer aqui no Município o mesmo que está acontecendo agora com o Estado. Se as pobres viúvas quiserem continuar recebendo 100%, já não bastará mais uma contribuição de 4,5%, como acontece agora, ou de 6%, como acontece agora. Haverá a necessidade, como acontece no Estado, de que essa contribuição seja de 17%, porque no Estado agora é assim, precisa da contribuição de 17%! E aí, Ver. Pedro Américo Leal, quando os funcionários públicos municipais descobrirem que eles caíram num “conto do vigário”, quando eles descobrirem que a situação não é essa que foi colocada para eles através desse Projeto de Lei, com execução neste ano, que o Sr. Prefeito Municipal correu para poder assinar, para poder ter validade agora, quando todos vão ter um desconto de 4,5% e as viúvas começam a receber 100%, quando eles descobrirem que a situação não é exatamente essa e que a situação do Município não vai dar oportunidade para que eles continuem descontando tão pouco dos seus salários, e que, nos próximos anos, o desconto vai ser muito maior e que deve beirar esses 17%, que é o desconto agora no Estado, quando essa descoberta for feita, eu quero que todos os funcionários públicos municipais voltem as vistas para o passado, que olhem exatamente este mês de setembro, que vejam a rapidez que o Sr. Prefeito Municipal teve para poder sancionar o Projeto, sem que houvesse uma discussão maior do art. 1º, que foi vetado. Porque o art. 1º dizia que os funcionários públicos municipais iriam aceitar ou não essa forma de previdência, através da autarquia. Então, eu quero que todos os funcionários públicos municipais olhem para o mês de setembro e possam ver quais foram os seus algozes, porque esta situação de agora, que é uma situação de regozijo por parte de algumas pessoas, pode-se transformar, num futuro muito próximo, numa situação infernal, que vai realmente perseguir todos os funcionários públicos deste Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PMDB.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nós vamos usar esta Comunicação de Líder, Ver. Humberto Goulart, para comunicar que estaremos protocolando, ainda hoje, um Projeto de Lei que visa alterar o Regimento da Casa, dando mais prazo para as CPIs. Nós estamos tendo a experiência da CPI do DEMHAB, e eu represento o PMDB nessa CPI. Este Vereador é autor de dezenove requerimentos de inúmeros documentos do Departamento Municipal de Habitação. Pois nós estamos no dia 17, há vinte e seis dias da CPI já constituída, e os documentos que nós pedimos – e eles são extremamente necessários para que possamos fazer a averiguação, Ver. Pedro Américo Leal - não vieram e não sei se virão no prazo, porque a Lei Orgânica estabelece que, em quinze dias, em caso de CPI, o Prefeito Municipal tem a obrigação de atender às requisições dos documentos. Vamos imaginar o seguinte: que esses documentos chegam na Casa faltando dez dias para terminar a CPI, quando se tem de produzir o relatório e quando nenhum Vereador teve acesso a esses documentos. Então, estamos aqui, presenciando, às segundas e quartas-feiras, de um lado os Vereadores de oposição, que têm algumas informações que chegam aos nossos gabinetes, para fazer a CPI, e do lado do Governo montou-se uma verdadeira artilharia de guerra, pela assessoria do Governo, para poder abastecer a bancada governista com todos os documentos, inclusive com informações da vida pessoal pregressa dos depoentes que vêm a esta Casa, o que tem sido uma questão extremamente vexatória, tentando desqualificar o depoimento dessas pessoas que se colocaram como cidadãos da Cidade para esclarecer o desmando administrativo que, segundo a denúncia de vários, existe no Departamento Municipal de Habitação.

Então, esta é a proposta, Ver. João Antônio Dib, que V. Ex.ª, desde manhã, disse que vai não só assinar como apoiar. Uma CPI, Ver. João Bosco Vaz, seja ela qual for, não tem como, em noventa dias, requisitar documentos, analisar com técnica, com a assessoria, com a assessoria da CPI, e, depois, fazer o relatório. Aliás, a Assembléia Legislativa e o Congresso Nacional tinham cometido este equívoco e o corrigiram. Este Projeto de Lei é, nada mais nada menos, cópia do que, hoje, acontece na Assembléia Legislativa. Lá, o prazo de uma CPI é de cento e vinte dias e poderá ser prorrogado por mais sessenta dias. No Congresso Nacional, na Câmara Federal também é assim.

Evidentemente que esta alteração no Regimento não vai valer para esta CPI. Viu, Ver. Marcelo Danéris, não vai valer para esta CPI. Estamos pensando é no funcionamento de outras CPIs, porque a CPI é um instrumento importante na vida do Parlamento. Mas não posso criar expectativa na população, averiguando fatos que vêm à tona pela população, criando-se a expectativa, e acontecer o que tem acontecido com a maioria das CPIs desta Casa. Os senhores sabem da história muito mais do que eu. A CPI aqui não tem dado em nada. Sabem por quê? Porque não se verifica. Então, na verdade, Ver. Juarez Pinheiro, o que estamos querendo é ter um pouco mais de prazo, e é evidente que não é para esta CPI do DEMHAB, mas vamos lutar para mudar o Regimento da Casa, dando mais prazo para averiguação, porque achamos que nós não temos juízo de valor em relação a nenhuma matéria, mas, quando se faz uma investigação, quando se constitui uma CPI, o Parlamento tem o dever, tem a obrigação de fazer a fundo as averiguações e devolver para a sociedade uma resposta aos seus questionamentos. Eu digo mais, serei o primeiro Vereador desta CPI do DEMHAB, se não forem encontradas irregularidades, a vir nesta tribuna, com grandeza e com alteza e dizer: nós averiguamos e não encontramos nada. Mas para isso é preciso dar as condições. Esta CPI está sem assessoria, não tem os documentos do Executivo, e eu estou preocupado, porque é muita cena e pouca realidade do ponto de vista das condições objetivas para o trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Reginaldo Pujol solicita Licença para Tratamento de Saúde na data de hoje.

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Sebastião Melo está fazendo um Requerimento. O mérito não é discutível, mas talvez tenhamos de avaliar as motivações que levam o Vereador a fazer isso. Ele reclama da situação da CPI. A CPI foi instalada com todas as formalidades das dezoito ou dezenove assinaturas, mas sem um fato determinado. Arrolaram-se dezenove questões tão abertas e tão sem fronteiras que os Vereadores, quando da instalação da CPI, sequer tinham já preparado a sua pauta de requisições de documentos. Não é o caso do Ver. Sebastião Melo. Agora, o Ver. Sebastião Melo sabe também que alguma coisa há se o Executivo não respondeu, e o Executivo tem obrigação legal de responder e prazos. Não extintos os prazos, está o Executivo no seu direito. Agora, há vários Vereadores, entusiasmados com a idéia de desgastar o Governo por meio da CPI - porque essa palavra, ao invés de ser um instrumento de investigação do ato fiscalizatório da Casa... -, entusiasmados, talvez, com as luzes que a atuação promotora possa ter, e com direito, não há dúvida, mas eu não me escapo à idéia de analisar as motivações de ordem política, a fustigação permanente, o cerco, o questionamento, a dúvida. Aí vem a CPI e é desclassificada. Em tese, não é! Toda a CPI tem as suas funções. Houve, inclusive, uma CPI aqui que trabalhou muito bem, a CPI que investigou os recursos do Montepio. Hoje, temos um inquérito sigiloso, Ver. Sebastião Melo, promovido pelo Ministério Público. Informa-me o Ver. Juarez Pinheiro, aliás, ele já tinha se pronunciado sobre isso, que já tínhamos falado que há requisição judicial de quebra de sigilo bancário, o que, em tese, não quer dizer nada, mas pode apontar que os Procuradores do Ministério Público tenham achado indícios tão fortes que tenham requerido isso.

V. Ex.ª, Ver. Sebastião Melo, é um homem probo, uma pessoa digna, e tenho visto isso pela sua atuação, aliás, como de resto são os Vereadores, a Ver.ª Clênia Maranhão, o Ver. Fernando Záchia, magistrado desta Casa, agora, o seu Partido, no Congresso Nacional, não assinou a CPI que lá estava sendo requerida. Isso não interfere na sua atuação aqui. Agora, nós queremos ter uma conduta uniforme sobre esses assuntos. Não é o tempo que está sendo levado em consideração aqui. Eu penso, e volto a lhe dizer, que, na minha opinião, o que resta ainda disso tudo é uma falta de estrutura desta Casa para instalar uma CPI. V. Ex.ª não apontou no seu pronunciamento, mas esta Casa não tem estrutura, não tem secretaria e, portanto, não pode o Executivo responder pelos prazos que correm dentro desta Casa para sair o processo e para chegar ao Executivo, pois é a partir de quando ele assina o protocolo de recebimento é que conta a sua atuação.

O Prefeito vetou o art. 1º da Lei da Previdência. Há uma contradição, Ver. Luiz Braz, porque, se por alguma razão voltarmos atrás na questão desse veto, haverá um prejuízo irreparável para as pensionistas, na medida em que a assunção do processo, feita pelo Município, vai produzir efeitos imediatos agora, no próximo dia 27, com o pagamento integral das pensões. Mas isso nós sabemos que é um dissídio, não só político, mas também de compreensão técnica, jurídica, sobre a questão do referendo, que é um debate salutar para a Casa, mas que foi regularmente processado como mandam a Lei Orgânica e a Constituição. O Prefeito tem o direito de vetar, justificar o seu veto, e esta Casa tem o direito de apreciar o veto, mantê-lo ou derrubá-lo. E, na discordância plena entre as duas ordens de mérito, sempre há um terceiro que se pronuncia de forma soberana: é o Judiciário.

Eu concluo fazendo uma rápida remição sobre um assunto que foi de vital importância, eu penso, para a sociedade brasileira e para os partidos políticos. Ontem o PT - o Partido dos Trabalhadores - realizou uma magnífica mobilização nacional dos seus filiados. Nós somos em torno de novecentos e cinqüenta mil filiados em todo o Brasil e promovemos, pela primeira vez na história de um partido político de características do nosso, a sua eleição nacional, elegendo em todos os níveis, desde o presidente do Diretório Nacional até o presidente do Diretório Estadual, o presidente do Diretório Municipal, o Diretório Municipal e os delegados para os encontros municipais, que elegerão os delegados estaduais e nacionais, para prover o Partido das políticas que deverá conduzir nos próximos anos.

Foi uma mobilização que colocou milhares de filiados a se movimentarem em função da renovação das suas direções partidárias, numa unidade nunca vista, com um debate franco e aberto interno do Partido, tudo escrito. Esta é uma qualidade que o nosso Partido tem: nada do que nós defendemos está entre quatro paredes, sem estar escrito. Alguns até consideram que isso é um mal. Não! Essa é a vitalidade de um partido em que as posições se podem expressar, serem escritas e virem inclusive a julgamento público. Mas é um partido que tem a qualidade de, quando faz esses processos, poder-se unificar para, depois, defender em conjunto os espaços reais que cada posição interna do Partido tem. Isso foi feito sob a orientação do nosso Governador do Estado, o companheiro Olívio Dutra; com a presença e orientação do nosso Prefeito da Cidade, Tarso Genro; com a presença do nosso ex-Prefeito, o magnífico companheiro Raul Pont, das lideranças que têm cargos e as que não têm, as que são dirigentes sindicais ou comunitários, e houve uma verdadeira confraternização que fez com que hoje, inclusive, muitos de nós estejamos aqui exaustos, mas satisfeitos com a missão cumprida de colocar na pauta e na agenda da política nacional e na história dos partidos políticos essa mobilização que, sem dúvida, pode fazer um marco e um diferencial para a construção das histórias dos partidos que queiram ter programas e ideologias e fazer com que os seus filiados, cada vez mais, tenham identidades em torno dos seus programas e dentro da finalidade da sua grei.

Essa foi uma importante manifestação que trouxemos aqui, hoje, como uma contribuição à Cidade de Porto Alegre e uma avaliação, uma informação a esta Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. ESTILAC XAVIER (Requerimento): Sr. Presidente, estarei secundado, creio, pelo Ver. Nereu D’Avila, que tem uma proposta também. Mas, consultadas as Lideranças, gostaríamos de requerer que colocassem na ordem primeira dos processos de discussão da Ordem do Dia o PLE nº 017/01, para discussão e votação, os demais processos permanecendo na mesma ordem dos trabalhos. Parece que há uma requisição do Ver. Nereu D’Avila, mas que a nós não é estranha. Nós veremos o mérito e acompanharemos a proposição.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier é para que iniciemos pelo PLE nº 017/01, depois daremos seqüência à ordem normal.

 

O SR. NEREU D’AVILA (Requerimento): Sr. Presidente, eu não consultei as Lideranças nem os Srs. Vereadores, mas eu faria um apelo ao bom senso, porque esta matéria que eu vou pedir para entrar na Ordem do Dia é apenas para começar a discussão, e ela é de premência, no meu entendimento, para a Casa, que é a questão de mudar a Sessão de sexta-feira para quinta-feira. Ficaria segunda, quarta e quinta-feira, que é um Projeto do Ver. Haroldo de Souza, mas que foi, no primeiro semestre, discutido, e agora eu creio que está com urgência.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Qual é a página?

 

O SR. NEREU D’AVILA: Página 38, PR nº 042/01. Então, se a Casa não se opuser, eu gostaria de ver iniciada a discussão, é o primeiro dia de discussão, pelo PR nº 042/01, que trata desta alteração regimental.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Perfeito. Nós estamos num impasse, porque temos dois Requerimentos. Um é relacionado ao PLE nº 017/01.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Não, eu estou acoplando, após o PLE nº 017/01, página nº 35, se os Vereadores não se opuserem, que seja colocada a matéria da página nº 38, PR nº 042/01, que é essa matéria que citei.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ver. Estilac Xavier, para que possamos acoplá-la dentro do seu Requerimento.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Estilac Xavier, que solicita que, inicialmente, apreciemos o PLE nº 017/01, posteriormente, o PR nº 042/01, depois seguiremos a ordem normal. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com voto de abstenção do Ver. João Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2764/01 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/01, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, altera a especificação da classe de cargos de Procurador,  constante no Anexo I, letra b da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e dá outras providências.

 

Parecer:

- da  CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, III, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em discussão o PLE nº 017/01. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PLE nº 017/01.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto é um projeto muito esperado pelos funcionários públicos municipais. É um projeto que vem ao encontro da nossa vontade, no processo de moralização e de responsabilização dos funcionários públicos, sim, pelo exercício de suas funções e, especialmente, quando exercem funções de chefias.

Explico-lhes. Nós hoje não temos previsto no nosso Estatuto alguma forma de apoio, de defesa, principalmente de defesa jurídica do funcionário, por conseqüências que ele venha a ter no exercício das suas funções. Apenas em caso de crime, que são casos muito mais raros. Hoje, com o avanço das leis, principalmente do Estatuto da Criança e do Adolescente, e com a preocupação que temos de moralizar, por exemplo, os processos de avaliação do estágio probatório dos funcionários públicos municipais... Cito dois exemplos para dizer-lhes que os funcionários, ao exercerem suas funções com responsabilidade, com responsabilidade social principal, com compromisso social, eles estão sujeitos, sim, a receber processo, receber ameaças, a se envolver em processos judiciais que podem ter conseqüências graves e ter de depender de suas próprias finanças, de sua própria iniciativa para defesa. Muito recentemente vivemos, pelo menos, duas situações, em relação à direção de escolas municipais. Uma, o diretor, na sua função e na sua correta função de acompanhar o trabalho do funcionário, avaliar o seu trabalho, responsabilizar o funcionário que não trabalha, que é displicente ou que comete atos inconvenientes atinentes ao trabalho público, um nosso diretor de escola sofreu um processo jurídico por parte do funcionário público. E aí a Procuradoria não está legalmente designada para defendê-lo e ele tem que procurar defesa por conta própria. E por muito tempo nós tivemos direções, chefias omissas, coniventes com o não-trabalho. Nós nos espantamos: como esse funcionário municipal passou no estágio probatório? Por exemplo: por que não dão faltas? Por que existe o não-trabalho no serviço público? Um dos motivos, certamente, e nós temos claro isso, é porque há uma história de serviço público que é uma história que se prestou a isso, de apadrinhamento, de clientelismo. Isso vem mudando com o concurso público, com a democratização das relações, e, agora, precisamos de amparo legal para que as chefias possam exercer com responsabilidade suas funções. Naquele caso, a direção ficou sem apoio algum. E isso está mudando em função dessa Lei.

Temos aqui a Eneida, Diretora da Escola do Cristal, a Escola Aramis Silva. A equipe diretiva dessa escola viveu uma situação muito recente, quando, com sua responsabilidade social, fez denúncia de maus tratos a uma criança ao Conselho Tutelar e teve a sua denúncia exposta aos pais; eles sofreram um processo de equipe e individual por danos morais. A Escola procurou ajuda e não teve forma legal de respaldo. A Prefeitura acabou realizando a defesa, mas foi criado um artifício diferenciado que não está previsto em Lei. Quer dizer, a direção da escola inclusive pode ser penalizada por omissão, como qualquer cidadão, por não proteger a criança, por não denunciar maus tratos, com uma penalização prevista no Estatuto que vai de penalização pecuniária até previsão de prisão, e, na verdade, ao exercer essa função, responder com responsabilidade, não tem uma forma de proteção. Essa é uma mudança importante, entre outras, que traz esse Projeto de iniciativa do Executivo, que é resultado do debate dos servidores com a Procuradoria, com o Município. Fazemos um apelo aos Vereadores para que contribuam, para que aprovem, para que possamos vir a garantir a atuação cada vez melhor dos funcionários públicos municipais. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE nº 017/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não tenho nada contra a Procuradoria do Município, penso que ela é muito boa até, eu tenho tudo contra o fato de o Prefeito não utilizar a Procuradoria Municipal para fazer as suas Exposições de Motivos, para propor os vetos para um perfeito enquadramento dentro da Lei Orgânica, dentro da Constituição. Até eu sair da Prefeitura, todos os projetos importantes eram examinados na Procuradoria, mas, hoje, parece que o Prefeito esqueceu que existe Procuradoria.

Penso que a criação dos cargos solicitados está correta quanto à necessidade, não sei se veio para a Casa, porque nós estamos votando na base do art. 81, não sei se veio para Casa, mas não veio, mas tem que ficar ad referendum, aquela coisa à qual nós chamamos atenção; se tivesse passado na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL - CEFOR, eu saberia se foi ou não encaminhado, o que representa na base da Lei de Responsabilidade Fiscal.

O Ver. Juarez Pinheiro me informa que veio, porque aqui dizia: “Em face das disposições impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar Federal nº 101, de 4 de maio de 2000, lembro por oportuno que a presente proposição encontra-se devidamente adequada às exigências previstas pela referida Lei Federal.” A Procuradoria do Município teria colocado no expediente encaminhado por esta Casa. Quando se faz as coisas claras, Ver. João Bosco Vaz, V. Ex.ª, que gosta muito de carta-contrato, eu não tenho restrições, porque qualquer Procurador do Município sabe que contratação por emergência necessita de leis, não só para os municípios do interior é que vale a contratação por emergência na base da lei, em que o Estado vai verificar se a emergência realmente decretada se justifica; se não se justificar, não vale emergência, mas aqui, na Prefeitura de Porto Alegre, não passou na Procuradoria, eu tenho certeza. Estão convocando, por carta-contrato, assessores jurídicos para a Secretaria da Saúde do Município, declarando que é uma emergência. Ora, estão brincando, eles têm de consultar os Procuradores, têm de levar ao Procurador para que ele diga, assine, e assuma a responsabilidade, porque emergência ou calamidade pública só por decreto, mas, na Prefeitura, o Prefeito não usa os Procuradores, porque qualquer um deles diria: “Emergência, Prefeito, faça o decreto, depois use, porque o decreto tem que ser analisado.” Quando esses Municípios do interior tiveram cheias e decretaram emergência, tiveram que submeter o decreto de emergência ao Governo do Estado, à Defesa Civil, para saber se realmente cabia emergência ou não, porque emergência dá outras condições de governar.

Eu, um dia, como Prefeito, decretei emergência em Porto Alegre; no outro dia, decretei calamidade pública, porque eu precisava de recursos, parte da Cidade havia alagado, e eu não tinha o dinheiro que, hoje, a Prefeitura tem no sistema financeiro. Porque, se tivesse, também não decretava emergência, eu usava o dinheiro e tudo legal. Como eu não tinha, eu tive de decretar calamidade pública, e não houve problema. Só que a Prefeitura, desde que eu conheço a administração do PT, aí, não decretou emergência, nem calamidade pública e fez uns horrores por aí, em todos os sentidos, porque não, se um Procurador tivesse que assinar a Exposição de Motivos do Prefeito, ele não assinaria, e o Prefeito não mandava. Mas, como parece que ninguém manda nesta Cidade, nós vamos votar favoravelmente, sem dúvida nenhuma, porque entendemos que sejam necessários os cargos. Mas, Prefeito, por favor, use os novos Procuradores, veja se é possível fazer carta-contrato ou não; a Lei nº 8.666 diz que a emergência ou calamidade pública... A Lei nº 77/70, que é do Município, a primeira da licitação, também diz que só em calamidade pública ou emergência; isso se faz por decreto. Consulte a Procuradoria, Prefeito, seus novos Procuradores. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLE nº 017/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Executivo encaminhou o Projeto que cria, dentro do Plano de Carreira dos Funcionários Públicos da Administração Centralizada do Município, a inclusão de atribuições e a especificação da classe de cargos na letra “b” e Anexo I da mesma Lei que trata dos Procuradores. O mérito é indiscutível. Quando falava com os Vereadores, na defesa do debate, como primeiro ponto da Ordem do Dia deste Projeto, inclusive lembrei ao nobre Vereador, o nosso Procurador, também, do Município, Ver. Elói Guimarães, que, muitas vezes, um funcionário – e falei isso também com o Ver. Pedro Américo Leal -, no exercício legal das suas atribuições, portanto, na ação determinada pela Lei, pode, e não são raras as vezes, ser instado por terceiros que se considerem prejudicados, no exercício legal da atribuição do administrador, em processo judicial de qualquer natureza. O funcionário que não fez de livre arbítrio da sua vontade aquele ato, porque está compelido por lei, acaba, muitas vezes, tendo que defender-se com recursos do seu bolso, o que é líquido, tranqüilo e pacífico para um funcionário que não esteja ou alguém que não esteja em funções determinadas, não é justo e nem correto para um funcionário, porque não está no arbítrio da sua vontade fazer ou não fazer tal ato, ele está compelido por determinação legal, e, na defesa dessa ação legal, ele tem de puxar o seu recurso e pagar a assistência judiciária. Devo confessar que, por duas ou três vezes, tive de me valer de interpretações para poder requerer a assistência judiciária, quando era Secretário da Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre. É muito bem-vinda essa reestruturação, mas ela não fica resumida somente a isso, a ciência jurídica do Município também foi criada na Procuradoria, as equipes de licitações e contratos, e há um conjunto de tarefas e atribuições no Município que estão exigindo a absorção cada vez mais da Procuradoria, e por isso há necessidade da criação desses seis cargos de provimento efetivo. Aí, temos questões de saúde, dadas pelo SUS, as questões de trânsito, políticas das mais variadas naturezas, todas elas obrigando o Município a ter respostas na área jurídica com qualidade técnica. Aliás, coisa que não falta ao nosso corpo de Procuradores do Município de Porto Alegre, construído ao longo da história do Município e que, hoje, tem, como dirigente principal, o Procurador Rogério Favretto.

Não nos é estranho, portanto, e acolhe-se com muita tranqüilidade algumas das questões colocadas pelo nobre Ver. João Antonio Dib. Ver. João Antonio Dib, nós podemos melhor, sim, tratar das questões de ordem técnica. Esta Liderança e a Bancada tem por vezes falado com o Sr. Prefeito e colocado esta necessidade. E já tenho conhecimento e gostaria de lhe transmitir, Ver. João Antonio Dib, que há um interesse e uma determinação do nosso Procurador-Geral em fazer com que a Procuradoria se atenha mais aos aspectos técnicos do processo legislativo. E esta é uma questão que eu posso lhe antecipar, é uma questão que reforça, inclusive, a idéia desta criação que nós temos aqui, que é de se fazer a criação dos seis cargos de provimento efetivo dos Procuradores do Município e fazer com que as atribuições que hoje sobrecarregam aquela Secretaria ou aquela Procuradoria possam ser melhor desenvolvidas, como eu citei anteriormente, que vão desde a assistência judiciária, passando pelo conjunto das atribuições que o Município passa crescentemente a receber em função das políticas que ocorrem, como na área da saúde, como na área do transporte e outras.

Nós estamos encaminhando, inclusive, porque há manifestação positiva de vários Vereadores e isso faz com que nos pareça tranqüila a aprovação deste Projeto, que é meritório e oportuno para o melhor desenvolvimento do Município e dos trabalhos que desenvolve em conjunto com esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Encerrada a discussão. Em votação o PLE nº 017/01. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o PLE nº 017/01.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos dizer, antes de mais nada, que, analisando o Projeto, nós verificamos que a intenção da Prefeitura é ampliar os seus quadros qualificados, através de um trabalho sério da Procuradoria. Eu examinei um documento, que foi publicado em livro, da Procuradoria, e já manifestei neste Plenário, inclusive, frases e pensamentos muito bons, desse Seminário que resultou nesse livro da Procuradoria, inclusive a respeito da Previdência, do próprio Procurador Dr. Rogério Favretto, competente Procurador. A ampliação desses quadros deve ser para que esses quadros sejam para enriquecer a contribuição da Procuradoria em causas nobres e não somente para questões políticas. A Vereadora Sofia Cavedon, que reconhecemos uma estudiosa, uma Vereadora operosa, ela nos surpreendeu dizendo frases demagógicas: "O funcionalismo Municipal está de parabéns.” Não tem nada a ver. Isto aqui é técnico. Criação de cargos técnicos é para qualificar o trabalho de todos nós; eu não sou funcionário da Prefeitura, mas qualifica, por quê? Porque estou dizendo: o que publicou a Procuradoria, a nós serviu, a mim serviu, e às pessoas que se interessam pelo Direito e se interessam pelas questões municipais. E nós, Vereadores, temos a obrigação de nos interessar. Lamento somente que o famigerado 81 - eu já quis modificar a voracidade desse 81 aqui, e a ex-Vereadora Maria do Rosário, na época, me impediu - seja muito voraz. Trinta dias é muito pouco. No caso em tela, ainda fomos salvos pelo gongo. Foi na Comissão de Constituição e Justiça, e o Ver. Juarez Pinheiro, que é reconhecidamente um estudioso e cujos pareceres são fundamentados - pode-se até discordar deles, pode-se até vituperá-los - merece o nosso respeito, principalmente no que se refere às suas ponderações jurídicas. Então, pelo menos na Comissão de Justiça, tivemos e aprovamos o Parecer do Ver. Juarez Pinheiro, mas, nas demais Comissões, o famigerado 81 impediu, e eu acho que matéria deste teor, desta importância, deveria ter mais opiniões técnicas das Comissões. Mas, de qualquer maneira, no principal, que é o que interessa, trata-se de seis novos cargos de Procuradores que, se pressupõe, virão somar. Por exemplo, é tão fundamental a Procuradoria, que, com relação a uma questão que a população de Porto Alegre aceitou, que foi a mudança do horário bancário – Projeto pelo qual nós lutamos, por sete anos nesta Casa, para definir o horário 9 às 17 - acabou sendo aprovada, o Sindicato dos Bancários, a Federação dos Bancários, todos foram a favor desse horário. O BANRISUL fez um plano-piloto de dez agências, a população adorou - houve coleta de opiniões - porque dá mais amplitude. Evidentemente que os bancos entraram na Justiça. Estávamos defendendo uma causa que não era do Ver. Nereu D’Avila, que aprovou, não era da Câmara Municipal, que aprovou, era da população de Porto Alegre, que é mal-atendida nos bancos. Não respeitam lei nenhuma que esta Casa fez, e a Procuradoria, então, está defendendo a população de Porto Alegre junto ao Tribunal Federal de Recursos, porque, em primeira instância, os banqueiros tiveram ganho de causa aqui em Porto Alegre, e o Dr. Rogério Favretto já disse aqui na Câmara, e repete a quem quiser ouvir, que há plena possibilidade de revertermos esse quadro quando hoje, em cima do apagão, em cima de uma situação de emergência, os bancos já aproveitaram e diminuíram o horário e já estão enxugando, como disse aqui o nosso Presidente do Sindicato dos Bancários, estão colocando para a rua os funcionários bancários. Tudo isso, no pano de fundo. É que a Procuradoria está alerta, está defendendo a população. Então, eu acho que aumentar os quadros da Procuradoria, que é um quadro qualificado, e, como eu disse, não está a serviço da Administração Municipal ou das eventuais administrações, está a serviço, muitas vezes, como citei o horário bancário, dos interesses gerais da população, é muito importante. Então, esperamos que a aprovação que vai ocorrer, por evidência e por bom senso, nesta Casa, daqui a instantes, traga novos servidores, novos Procuradores concursados, novos técnicos em Direito, novos estudiosos que irão para lá com o precípuo interesse não de olhar apenas para as eventuais administrações que estão no Paço Municipal, mas com a certeza de defender, juridicamente, quando necessário, toda a população da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o PLE nº 017/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou ser breve, a minha Bancada vai votar favoravelmente ao Projeto de Lei, mas, como eu disse, a Procuradoria tem de ser respeitada, não é só a Casa do Povo. Informaram-me que haviam colocado o que preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal no Processo e não está. O art. nº 16 dispõe: (Lê.) “A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deve entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador de despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.” Isso eu não tenho dúvidas porque a Prefeitura tem cento e noventa milhões de reais no sistema financeiro. E, também, o art. 17, no seu parágrafo 1º diz: (Lê.) "Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para o seu custeio”.

Portanto, nós vamos aprovar o Projeto - a minha Bancada vota favoravelmente -, mas nós confiamos que até sexta-feira – eu diria quinta, mas quinta é feriado – estejam aqui os elementos necessários para cumprir o que preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal, vindo de parte do Sr. Prefeito Municipal, passando na Procuradoria e no ordenador de despesas. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o PLE nº 017/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem. Farei um breve encaminhamento em nome da Bancada do PC do B, evidentemente favorável a este Projeto, como já manifestaram as demais Bancadas. Gostaria - além de destacar uma maior capacitação da nossa Procuradoria, através do aumento do seu quadro, para atender às inúmeras demandas – de chamar atenção de duas coisas realmente inovadoras. Uma delas, creio que a Ver.ª Sofia Cavedon já destacou; algo que já vinha sendo feito, mas sem o amparo legal explícito. Foi definida entre suas atribuições a assistência jurídica aos servidores públicos municipais envolvidos em causas judiciais, em decorrência da sua atuação como servidor público. Mas, quero lembrar um outro ponto que ainda não foi colocado, que é o que consta no art. 2º, inciso XI e, também, na descrição analítica das atribuições; diz o inciso XI do art. 2º da Lei 4.120: "orientar e prestar defesa aos direitos individuais e coletivos das pessoas e entidades necessitadas, na forma da Lei, em todos os graus de jurisdição, nas questões atinentes à regularização fundiária urbana". Essa é uma questão que havíamos sugerido na LDO e que aprovamos depois de uma negociação com o Poder Executivo Municipal: exatamente a criação de uma assistência jurídica especial da Procuradoria para os casos de despejo e regularização fundiária. Parece-nos que isso tem uma relevância e uma conseqüência muito grandes. Nós, que acompanhamos constantemente essas reivindicações, lutas e necessidades das comunidades, entendemos que a nossa reivindicação fica contemplada aqui, o que nos apraz muito.

Por tudo o que já foi colocado, estamos encaminhando favoravelmente. Temos certeza que o conjunto da Casa o aprovará. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o PLE nº 017/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a iniciativa do Executivo no sentido de ampliar, de forma muito austera, os quadros da Procuradoria do Município, procede, sob qualquer ângulo de análise que se possa fazer - e eu tenho a pretensão de conhecer um pouco a Procuradoria do Município de Porto Alegre.

O Ver. João Antonio Dib questiona a necessidade literal da inclusão das disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, bem dito na Exposição de Motivos, dada a pequena ampliação, evidentemente que os reflexos econômicos decorrentes da Lei de Responsabilidade Fiscal se subsumem por essa pequena alteração que haverá nos quadros da Procuradoria do Município. São reflexos tão pequenos que estão absorvidos tranqüilamente, não há nenhum problema de ordem econômica, porque representam a criação de seis cargos que decorrem não de incremento, que eu acho até que poderia a Procuradoria do Município fazer justificadamente, porque tem demandas extremamente grandes, não só no que diz respeito à busca de receita pelo procuratório judicial ao Município, mas de resto pelas atribuições que a Procuradoria do Município tem. Portanto, se amplia, Ver. João Antonio Dib, e sabe V. Ex.ª, que é funcionário do Município, profundo conhecedor da máquina administrativa, que está-se criando atribuições e, como tal, impõe-se, sob pena de se comprometer a qualidade, uma ampliação nos quadros da Procuradoria. Diga-se de passagem, constituída de excelentes quadros técnicos. O que está-se fazendo é exatamente instrumentalizando-se o Município de Porto Alegre, para enfrentar suas demandas, que são, a cada dia, mais crescentes, e num setor importante, que é a questão da legalidade.

A Procuradoria, embora pudesse até atender, vez por outra, os reclamos trazidos pelo Ver. João Antonio Dib, é aquela instituição municipal que tem a responsabilidade de guardar a legalidade do Município, analisando os processos, na sua maioria, que tramitam. Não só buscando, pelo procuratório, pela ação judicial, receita para o Município, que importa ao Município, que é importante para as obras do Município, mas também atendendo a diferentes setores do Município, no que respeita à questão da legalidade.

Portanto, trata-se de um Projeto extremamente modesto. A ampliação de seis cargos na estrutura da Procuradoria do Município é uma iniciativa extremamente exígua, pequena, com relação às dimensões que vem tendo a Procuradoria na busca de velar pelos interesses fundamentais do Município.

Fica aqui o nosso encaminhamento, apenas para destacar o papel importante que vem desempenhando a Procuradoria do Município, através dos tempos. Criou-se a Escola de Direito Municipal. Há uma fundação, a Escola de Direito Municipal. Tive a oportunidade, no passado, de participar da direção da Associação dos Procuradores. A Procuradoria tem procurado qualificar os seus quadros através de uma série de simpósios que realiza, de uma série de debates que faz, em torno das questões que são do absoluto interesse da população.

Fica, portanto, o nosso encaminhamento favorável ao presente Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal o PLE nº 017/01. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO, por 24 votos SIM,  por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1972/01 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 042/01, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que altera a Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Sessões e Reuniões Ordinárias) Com Emenda nº 01.

 

Parecer:

- da  Comissão Especial. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observação:

- discussão geral nos termos do art. 126, § 1º, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Projeto de Resolução nº 042/01. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para discutir.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, essa é uma matéria recorrente, nesta Câmara Municipal, que não é desta Legislatura.

Há muitos anos, este Vereador acha que o rendimento orgânico da nossa Câmara deveria ser semelhante ao da Assembléia, que tem Sessões corridas às terças, quartas e quintas-feiras. Nós temos Sessões em dias alternados: nas segundas e quartas-feiras, à tarde, e sextas-feiras, pela manhã. A Sessão de sexta-feira pela manhã vem tendo, sistematicamente, e os Vereadores desta Legislatura já perceberam, pouco rendimento. Sexta-feira passada eu encontrei - porque vinha descendo as escadas -, saindo da Casa, irritado, e com razão, o Ver. Pedro Américo Leal, faltavam cinco minutos para às 13h quando adentraríamos na Ordem do Dia. Ora, evidente que vinte minutos depois não havia quórum, até porque os Vereadores, nos fins de semana, trabalham, sim, em contato com os seus eleitores, com as suas bases, nos seus compromissos, desde sexta-feira até domingo à noite. Então, a Sessão de sexta-feira é pouco rentável, é bastante discursiva, tudo bem, os Vereadores podem expressar seus pensamentos, mas o rendimento da Ordem do Dia está prejudicado, no entendimento deste Vereador.

A Sessão de hoje, segunda-feira, tem Pauta e Comunicações. Hoje, eventualmente, ganhou celeridade, e nós, às 17h, conseguimos entrar na Ordem do Dia. Mas eu ainda acho que esta Sessão de hoje deveria, internamente, ou seja, durante o seu período, ser melhor estruturada.

Mas o que nós discutimos aqui é a mudança das Sessões. Então, a minha idéia era, como disse no início, repetir o que acontece na Assembléia Legislativa, isto é, Sessões terças, quartas e quintas-feiras. Propus na Legislatura passada essa modificação, mas o Ver. Lauro Hagemann, eminente Vereador que não está mais conosco, mas está contribuindo nos meios de comunicação ainda com as suas idéias, com as suas boas propostas e sua experiência, sempre me colocava que Sessões nas terças, quartas e quintas-feiras pareceria, entre aspas, que a Câmara ficaria com o fim de semana maior. Eu penso que isso é um pouco de paranóia persecutória, porque nós estamos vivendo uma situação muito ruim no País, no que se refere a questões comportamentais no Congresso. Assim ficamos meio paranóicos com relação à opinião pública, e, às vezes deriva... Porque eu não via nenhum problema em que as Sessões Ordinárias fossem nas terças, quartas e quintas-feiras e que a opinião pública fosse pensar que nós queríamos um fim de semana maior. Ora, isso é um absurdo, porque a população sente a nossa presença nos bairros nos fins de semana. A população de Porto Alegre sabe que os Vereadores - isso nas Legislaturas vem-se repetindo - vêm honrando o seu mandato, com raras exceções, que em todos os lugares existem, até nas famílias mais bem estruturadas. Em geral, os Vereadores estão junto às suas comunidades, trabalhando, visitando, participando, discutindo e decidindo com a população.

Eu fui sensível ao argumento do Ver. Lauro Hagemann na época, a matéria acabou se esvaindo, e a Legislatura passou. Agora eu pretendia renovar a discussão quando o Ver. Haroldo de Souza, em oportuna iniciativa, colocou uma alternativa que nós consideramos melhor ainda. Segundo aqueles que tinham aquela opinião, que não é a minha, de que Sessões nas terças, quartas e quintas-feiras poderiam deixar o fim de semana mais longo, isso não está mais em voga, porque nós estamos discutindo agora é que as Sessões seriam nas segundas, quartas à tarde e, em vez de sexta pela manhã, nas quintas à tarde. As Sessões Ordinárias ficariam nas segundas, quartas e quintas-feiras à tarde. E as Comissões, que se reúnem nas quintas-feiras passariam suas reuniões para as sextas-feiras pela manhã. Não haveria nenhum problema, nenhum óbice; só ganharia o rendimento orgânico desta Casa, porque na Sessão de sexta-feira, repito - a prática está aí -, o rendimento do que interessa, que é a Ordem do Dia, uma discussão mais sólida, mais propositiva, mais enraizada, não existe, como a sexta-feira passada foi exemplo exuberante.

Então, a proposta do Ver. Haroldo de Souza, que nós encampamos naturalmente, é que ficassem as Sessões nas segundas à tarde, como é atualmente; quartas à tarde e quintas à tarde. Como nós reunimos as Comissões nas terças e quintas à tarde, as Comissões de quinta à tarde passariam para sexta-feira, sem nenhum problema. Então, ficaria ainda uma pequena situação em relação às Sessões Solenes de quintas à tarde, mas nós resolveríamos isso sem nenhum problema, com pequenos ajustes nos nossos trabalhos. Então, a proposta é boa, vai trazer acréscimos a nossa intenção de aprofundarmos, cada vez mais, os estudos das questões aqui nesta Casa, porque isso vai fazer com que, transferindo a Sessão de sexta-feira para quinta-feira à tarde, nós possamos votar melhor, entrar na Ordem do Dia mais rápido e, portanto, acelerarmos a pauta enorme que temos aí, com processos ainda não votados, do ano passado, e ainda há os vetos do Executivo, que têm prioridade, e assim por diante.

Então, discuto e dou opinião favorável a essa alteração proposta pelo Ver. Haroldo de Souza. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a presente alteração que se pretende fazer, iniciativa do Ver. Haroldo de Souza, é extremamente importante, porque o Regimento é um instrumento que tem de ser dinâmico para atender ao dinamismo da Casa, para atender ao desenvolvimento da Casa. E o que vêm-se sentindo nesses últimos tempos, constatado por aqueles que atuam neste cenário, evidentemente que são os Vereadores, é que as sextas-feiras não têm-se prestado a permitir que se exauram da melhor forma as Sessões que ocorrem nesse dia. Então, o que se faz? Estão-se extinguindo Sessões? Absolutamente não, está-se trazendo uma Sessão, que se tem mostrado, ao longo do tempo, um tanto truncada por fatores naturais, óbvios, para quinta-feira, jogando a Sessão, por assim dizer, no seu melhor momento, que são as reuniões à tarde na Câmara Municipal de Porto Alegre. Evidentemente que isso vem dar dinamismo, vem incrementar a ação da Casa, racionaliza, dá mais capacidade de atuação, racionaliza, por assim dizer, porque as Sessões iniciam segundas-feiras, Plenário, teremos quartas e quintas-feiras. Até tem a ver com o aspecto de continuidade da Casa. Nas quartas e quintas-feiras manter-se-ão, vamos dizer assim, dois dias sucessivos, onde o princípio da não interrupção, o princípio da continuidade se fará dentro daquela dinâmica que se pretende dar à Casa.

Então eu penso que a Sessão de sexta-feira de manhã, comprovadamente, é uma Sessão que se realiza, é bem verdade, ela vai até determinadas horas, mas ela tem-se mostrado não tão produtiva quanto as Sessões de quarta-feira e segunda-feira. Ninguém melhor do que nós tem essa avaliação. As Sessões das segundas e quartas-feiras são ou não mais produtivas do que as de sexta-feira pela manhã? Pois bem, todos concordamos que são. Então, nós queremos, exatamente, dar capacidade de fogo ao Plenário, fogo no bom sentido, capacidade de ação, capacidade de trabalho. Eu penso que trazer a Sessão de sexta-feira, que se faz pela manhã, para quinta-feira à tarde, vem atender àquilo que nós todos entendemos ser importante, que é dar mais ação, mais força, mais adequação ao Plenário da Casa. Sempre frisando que a ação parlamentar não se esgota e nem se restringe ao Plenário, ela tem um envolvimento muito amplo, ela se dá nas Comissões. Os Vereadores têm funções que desenvolvem nos seus gabinetes e, de resto, na Cidade. Se há alguém que tem que percorrer a Cidade, é o Vereador. Ele tem que se deslocar para as diferente áreas da Cidade, mormente quando é chamado. Então, estamos exatamente estendendo, por intermédio de uma alteração no Regimento, maior capacidade de labor, maior capacidade de trabalho, maior capacidade de ação, transferindo as Sessões Plenárias das sextas-feiras para as quintas-feiras, e entregando as sextas-feiras às reuniões das Comissões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, eu sou o responsável, praticamente, não só eu, mas o principal responsável pela vinda para o Plenário grande, onde permaneci três meses sem falar, em protesto, e também pela mudança do Regimento, dando oportunidade para que os Vereadores manifestassem a sua opinião política sobre o Brasil. De acordo com pensamentos de alguns de meus colegas, somente assuntos de Porto Alegre merecem atenção dos Vereadores. Não. Todos os assuntos do mundo são motivos de preocupação e da palavra do Vereador. Nessa ânsia de mudar o Regimento, os meus colegas foram muito simpáticos a mim. Não sei como agradecer-lhes, porque, praticamente, me entregaram o Regimento, e eu tive oportunidade de oferecer, colocar as Comunicações em primeiro plano. Nós fazíamos, então, com que o verbo do Vereador, a palavra do Vereador pudesse ser ouvida em todo o Estado, porque já combatíamos a preferência da mídia pela Assembléia Legislativa, quando nós temos grandes valores que suplantam, sem favor algum, os Deputados Estaduais. Mas essa era a grande preocupação. Evidentemente, meus colegas Vereadores, tudo é passível de modificações. Eu mesmo tenho visto, às sextas-feiras, chegarmos às 13h, sem entrarmos na Ordem do Dia. Eu podia prever isso? Não. Por quê? Porque as homenagens, os períodos destinados a assinalar o transcurso de aniversários, de igrejas, de clubes, dos mais diferentes segmentos, ocupam esta tribuna e praticamente absorvem meia hora, quando não uma hora. Então ficamos, nós, contidos nas sextas-feiras, sem poder entrar na Ordem do Dia, e, mal entramos, levantamos o quórum e verificamos que não há quórum e encerramos o expediente. Eu podia adivinhar isso? Claro que não, mas sou sensível, Ver. Nereu D’Avila, à proposta que V. Ex.ª faz, sou sensível, penso que V. Ex.ª tem razão, porque V. Ex.ª vai além, V. Ex.ª faz a sugestão de que, às sextas-feiras e às terças-feiras, nós nos ocupemos das Comissões pela manhã, ou pela tarde - aqui está pela manhã –, penso que é muito boa a idéia. Então, o que eu tenho a dizer, Srs. Vereadores, é que, em primeira audiência, este Projeto parece-me simpático, porque resolve o nosso problema das sextas-feiras, já que não podemos desvencilharmo-nos das homenagens, dos transcursos de aniversários, os mais diferentes, cada dia tem um, que se prolongam durante uma hora, absorvendo completamente os expedientes, e, além das Comunicações, temos o tempo de Comunicação de Líder, há um excesso de intervenções dos Vereadores. Estou muito satisfeito. Não pensem que estou frustrado, não, porque o Vereador fala e o Vereador, quando eu cheguei a esta Casa, não falava, só discutia Pauta. Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª sabe que isso é verdade, o Vereador discutia a Pauta, mais nada, não tinha opinião sobre os assuntos mais variados que afligem o Brasil, o Estado e Porto Alegre. Agora, com a sugestão do Ver. Haroldo de Souza, vamos pensar, vamos pensar, esta Casa é a Casa do contraditório e dos pensamentos.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. Pedro Américo Leal.

 

 O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado. Vi que a minha palavra não é enfadonha.

Esta é a Casa do contraditório, dos pensamentos e do verbo, e nós temos de usar, porque o povo espera que nós discutamos todos os assuntos. A palavra é livre, os Vereadores falam, discutem, às vezes até se estremecem, inimizades são iniciadas e, prontamente, são rechaçadas pelo bom senso. Isso é interessante. Eu sou favorável à sugestão do Ver. Haroldo de Souza. Nós concordamos com essa sugestão e vamos pensar um pouco mais, quem sabe, temos tempo, e acatar a sua sugestão, porque o importante para esta Casa é a arrumarmos de tal maneira que ela corresponda, porque isto é uma improvisação.

V. Ex.ª sabe que, comumente, eu converso com o ex-Governador Alceu Collares, até faço um programa com ele, e hoje é o dia de nos encontrarmos, e ele sempre manifesta a oportunidade que teve de colocar a Câmara de Vereadores neste prédio completamente improvisado. Vejam os nossos gabinetes, eles são verdadeiras baias, porque têm 3m por 2m - é exatamente uma baia de cavalo. Eu posso dizer isso, porque conheço, suficientemente, as cavalariças do Exército. Os nossos gabinetes são baias porque têm três metros por dois metros, e na Lei de Execuções Penais, também, os locais em que um homem é recluso obedecem a mesma dimensão, tendo um catre e uma pia. V. Ex.ª sabe perfeitamente, como Presidente da Comissão de Justiça, Ver. Elói Guimarães, que está na Lei de Execuções Penais. Então, o que nós temos? Nada! O Vereador de Porto Alegre é um desamparado! Não tem nada! Nós temos de gritar que não temos nada! O que recebemos? Pouquíssima coisa! Três mil e poucos reais! Temos automóvel? Temos carro? Não! Motorista? Não! Não temos nada! Os Vereadores de Porto Alegre são paupérrimos! Dedicam-se exclusivamente ao mister de defender o povo e já defendem o povo com um efetivo baixíssimo! Trinta e três Vereadores para um milhão e meio de pessoas! Vejam se é possível isso! Trinta e três Vereadores para um milhão e meio de criaturas! É o que se dá em Porto Alegre. Então, Sr. Vereador, meus parabéns pela sugestão, me impressionou muito. Vamos pensar e vamos modificar. Por que não? Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir o Projeto de Resolução nº 042/01.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando o Ver. Pedro Américo Leal vem a esta tribuna e faz um discurso forte sobre a realidade que vivenciamos nesta Casa, eu me lembro do Ver. João Antonio Dib. Ele já fez projeto, aqui, para diminuir número de Vereadores, para diminuir o número de assessores. O Ver. João Dib, que é o nosso decano, é o homem dos projetos impossíveis, nesta Casa. O Ver. Pedro Américo Leal usou uma linguagem chula para falar dos nossos gabinetes. O pior é que as pessoas que estão aí fora não os conhecem! Eu posso dizer, na minha campanha de Vereador, eu fiz campanha com o meu contracheque no bolso, porque as pessoas acham que o Vereador ganha 10 mil, 15 mil, que tem diária! Aí eu perguntava: “Quanto é que ganha o Vereador?” “Ah, doutor, 10 mil reais!” Eu dizia: “Não, doutora, ganha R$ 4.500,00 brutos, ainda paga o telefone, não tem carro, não tem gasolina, sobram R$ 3.300,00, dá 10% para o Partido, mais 10% não sei para quem...” Mas é bom trazer esta discussão aqui com a televisão presente! É bom trazer esta discussão, Ver. Pedro Américo Leal, porque as pessoas que votam em nós, que nos acompanham na televisão, acham que nós aqui estamos uma maravilha! E eu vou dizer mais: quem quiser viver do dinheiro que ganha aqui, não vive! Quem quiser viver, sustentar família e fazer trabalho político com o que ganha aqui, não vive! Eu olho aqui: todos, sem exceção, têm mais de uma atividade! É por isso que eu sempre digo que “eu sou jornalista e estou Vereador”, porque eu não quero fazer da política a minha profissão. Amanhã ou depois eu não estou mais na política e tenho de recomeçar tudo de novo, tudo que eu já plantei, tudo que eu já fiz, porque não me reelegi. Então, V. Ex.ª, Coronel Pedro Américo Leal, tem razão.

Em relação ao Projeto que apresentou o Ver. Haroldo de Souza, há muito que eu falo que tem que ser mudado, mas eu quero avançar ainda mais, quero ser radical, Cel. Pedro Américo Leal, vamos gritar! Gritar! Clamar! Mas eu quero avançar. Nós só podemos agora fazer emenda de Liderança; se os Vereadores aceitarem, acho que nós precisamos avançar nesta modificação, Ver. Pedro Américo Leal, terça, quarta e quinta. Terça, às dez da manhã, Comissão; quinta, às dez da manhã, Comissão, que é o que a Assembléia faz para que os Deputados possam visitar as bases na segunda e na sexta-feira. Nós nunca temos tempo aqui! Por isso o eleitor diz, com razão: “Vem aqui buscar o voto e não volta mais.” Por isso.

Mas, Ver. João Antonio Dib, se o Senhor quer um aparte... O Senhor vai-se inscrever para vir falar aqui, não vou-lhe dar o aparte. É por isso. Então, tem de ser terça, quarta e quinta. Terça, pela manhã, às 10 horas, Comissão; quinta, pela manhã, Comissão. Precisamos avançar nisso aí! Nós precisamos, Ver. João Antonio Dib, visitar as nossas bases, visitar as nossas vilas e não temos tempo para isso! Temos o sábado. Eu mesmo, no sábado, Ver. João Antonio Dib, que não sou candidato nem a Deputado, nem a Senador, nem a Deputado Federal, nem a Governador, porque cedi a minha vaga ao Ver. José Fortunati, tive quatro jantares, três almoços para ir, porque não tenho tempo, durante a semana, de visitar as bases! E o Ver. João Antonio Dib ri, claro! Vinte e cinco anos de Vereador, Prefeito, dez vezes Secretário, não precisa sair de casa para fazer o voto, o voto vai ao encontro dele, então, tem que rir! Prefeito, nunca aumentou o IPTU, nunca viajou com diária, nunca fez, aqui, um requerimento, uma moção, então, V. Ex.ª é diferente! V. Ex.ª é nosso decano! V. Ex.ª é diferenciado!

E vamos gritar! Gritar, como diz o Ver. Pedro Américo Leal, para modificar! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu vou-me permitir quebrar a unanimidade que estava-se colocando neste democrático microfone instituído pelos cidadãos de Porto Alegre.

O Projeto em questão visa alterar o dia da Sessão de sexta-feira para quinta. Eu penso que esse assunto já foi discutido aqui, e o que se trata é de saber da eficácia e da eficiência dos trabalhos legislativos. Os Vereadores se revezam com críticas, todas elas, de uma forma ou de outra, corretas a respeito da produção dos nossos trabalhos e da sintonia desse trabalho com a expectativa da população nos seus representantes. Já houve, anteriormente, Ver. João Antonio Dib, discussão, aqui, sobre isso, inclusive para trazer de sexta para quinta. Qual foi o argumento que prevaleceu na época? Eu até considero um argumento de pouca densidade para enfrentar a questão, ou seja, era de que era importante intercalar entre as Sessões plenárias os trabalhos das Comissões Permanentes, que seriam instrutoras de conteúdo aos debates das Sessões Plenárias. De fato isso ocorre? Eu acho que não! Há os que pensam que se devem privilegiar os trabalhos das Comissões Permanentes pelo seu conteúdo técnico e capacidade de apropriação e aprofundamento das questões. Eu também acho isso. Agora, as nossas Comissões estão apetrechadas para isso? Estão preparadas para isso? Eu faço a pergunta e respondo: acho que não.

Há os Vereadores que sustentam que nós perdemos muito tempo com o verbo. Bom, mas aí é um problema: como se cassar o verbo se esta Casa tem, na sua definição, o verbo como fundamental, ou seja, a arte de falar, de convencer, argumentar para poder produzir a lei? Representar, legislar e fiscalizar. Não há como! O Ver. João Antonio Dib, por exemplo, acha que as moções - e até me alio a ele - e um conjunto de requerimentos que se interpõem na Pauta, na Ordem do Dia, são excessivos, sem nenhuma regra que condicione. Não quero eliminação desses instrumentos, mas acho que eles poderiam ser disciplinados.

Segundo, porque temos nas Sessões de segundas-feiras: Tribuna, Pauta, Comunicações, depois Ordem do Dia e ainda Comunicações de Líder. Na quarta-feira não há Comunicações, só há Pauta e Ordem do Dia e, na sexta-feira, volta a haver. Alguém já pensou que seria mais produtivo, talvez, alternar ou fixar de duas em duas semanas, como temos hoje a organização dos trabalhos da Sessões Plenárias, e concentrar, uma semana sim, uma semana não, os trabalhos da Ordem do Dia, como se tentou fazer, na questão, por exemplo, das quartas-feiras?

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria, dentro da linha de raciocínio de V. Ex.ª, lembrá-lo de que, nesta Casa, antes de 1988, depois das Comissões Permanentes das terças-feiras, iniciava-se a Sessão Plenária destinada ao Período de Comunicações, onde as questões políticas de debate da conjuntura se realizavam. Isso nas terças-feiras e quintas-feiras. As Sessões de segundas, quartas e sextas eram direcionadas, fundamentalmente, para a votação de projetos; e nas terças e quintas-feiras havia uma espécie de pinga-fogo: Comunicação de Líder, que há em todas as Sessões, e mais o Período das Comunicações.

Sou grato a V. Ex.ª.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Agradeço as informações prestadas, Ver. Isaac Ainhorn. O que nós estamos em busca é de uma maior produção legislativa. Eu não acredito, salvo seja convencido, de que retirar a Sessão de sexta-feira pela manhã e passá-la para quinta-feira resolverá os problemas deste Plenário. Penso que não está aí a solução do problema. Penso que o que temos de fazer é uma modificação geral que envolva a Pauta, aquela que está na agenda, que hoje é um padrão uniforme semanal. Isso pode ser variado, nós podemos ter a semana da votação. E aí, podemos, sim, evoluir. De resto, pode inclusive causar problemas para a nossa ação legislativa, com essas sextas-feiras sem trabalho de Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu penso que a maioria dos Vereadores que está discutindo esta matéria, que é uma parte adjetiva do nosso trabalho, está-se dando conta da sua importância. Mas essa discussão precisaria ser muito mais aprofundada.

Nós temos, hoje, um Regimento que é de péssima qualidade, com muitas lacunas, cheio de contradições, que não regra, de forma correta, as nossas relações, Ver. Pedro Américo Leal. E eu peço vênia ao Ver. Isaac Ainhorn, que agora faz uma observação, Ver. Pedro Américo Leal, porque eu gostaria que V. Ex.ª escutasse. Penso que nós temos um péssimo Regimento, e nós precisamos fazer um novo Regimento nesta Casa. Há um Vereador que tem-se dedicado a essas questões, que é o Ver. Pedro Américo Leal, que tem pontualmente feito alterações, mas isso virou uma verdadeira colcha de retalhos. E essa parte adjetiva, ou seja, o processo, as regras que regem as nossas relações políticas têm de ser absolutamente claras, elas não podem favorecer a uma ou outra força política. Nós aqui nos digladiamos nas Sessões, defendendo as nossas posições políticas, nós temos que ter regras claras. Hoje, nós não temos regras claras; quando nós vimos aqui fazer as nossas disputas, nós temos que saber quais são as regras. As regras têm de ser as mesmas para todos os Vereadores. E elas hoje comportam um nível de subjetividade ao Presidente da Casa, a quem estiver dirigindo, incomensurável, que desequilibra as relações políticas muitas vezes, dependendo de quem está na Presidência dos trabalhos.

Eu quero, Ver. Pedro Américo Leal, dizer, pela primeira vez, aqui, que temos um péssimo Regimento. O que nós temos aqui que discutir é um regimento, não que vá melhorar a nossa vida de Vereadores - e tenho o maior carinho pelo Ver. João Bosco Vaz e acho que ele torna menos triste a nossa vida aqui com as suas brincadeiras, com o seu bom humor permanente -, mas discordo da sua intervenção, nós não estamos aqui discutindo se temos boas condições de trabalho ou não estamos neste momento. Acho que o Ver. Nereu D’Avila pegou bem essa questão, estamos discutindo aqui a parte adjetiva, a parte do processo, e quem é advogado sabe que, às vezes, não adianta saber o Direito substantivo, se não se sabe o processo, ele é fundamental, e as relações que nos regem hoje aqui desequilibram, às vezes, as relações políticas.

Então, eu queria concitar os Srs. Vereadores para que nós estudássemos uma forma de repensar todo o Regimento. E eu acho que o que tem que presidir, Ver. Nereu D’Avila, que se preocupa com essas questões, é o que é mais eficaz para que a nossa produção legislativa, para que a representação política, que cada um de nós detém, com o voto popular, representando uma parcela da população, possa ser mais efetiva. Alguns Vereadores acham, por exemplo, que é só votar projeto que é importante. O Ver. João Antonio Dib trouxe umas frases que ele coletou - que eu não concordo muito - que dizia: “...quando as leis se multiplicam, mais se complicam; lei inócua sempre tira a substância da lei boa”. Eu não tenho essa visão. Outros Vereadores, quando se discutem moções, têm dificuldades. Tudo isso faz parte do mosaico que é a nossa atividade política.

O debate de idéias, muitas vezes... E eu lembro aqui que havia um debate, Pedro x Paulo, se não me engano, que eram o Ver. Pedro Américo Leal e o Ver. Pedro Ruas, lembro de outros Vereadores que fazem debate nos meios de comunicação, e eu não recebo esses espaços. Mas vejam que, às vezes, o debate que é realizado lá é mais profícuo do que o que realizamos aqui. Nós não conseguimos colocar aqui o contraditório, porque, em primeiro lugar, o Líder é quem fala sempre, e quem não é Líder não tem vez; fala a cada três semanas, em período de Comunicações e de forma pontual. O grande debate para que as nossas idéias, as nossas contradições possam ser apuradas não acontece neste Parlamento. Eu acho que não é isso que vai resolver a questão, e acho que precisaria ser mais aperfeiçoado este Projeto. Não é só mudando as Sessões que vamos melhorar o nosso trabalho legislativo. Não é isso. É muito mais profundo. Temos uma Câmara de Vereadores - e conheço a Assembléia Legislativa, assim como o Ver. Nereu D’Avila, que é funcionário, como o Ver. Pedro Américo Leal, que é ex-Deputado, e tantos outros aqui, e quero dizer que a Assembléia consegue ser mais efetiva nesta parte adjetiva do que nós - com um corpo político de superior qualidade, pelos seus representantes, à Assembléia Legislativa do Estado, a meu juízo. Não estou aqui distinguindo uma pessoa ou outra.

Portanto, Srs. Vereadores, temos que pensar mais profundo. Talvez esta proposta do Ver. Haroldo de Souza nos ajude a isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PR nº 42/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, meus cumprimentos ao Ver. Haroldo de Souza, que, hoje, completa duzentos e setenta dias como Vereador e vê o seu Projeto de alteração do Regimento sendo discutido com parecer aprovado por unanimidade. E um abraço também ao meu amigo Ver. João Bosco Vaz, que fez finas ironias inglesas e não me deixou aparteá-lo, mas não tem problema nenhum. Agora, realmente, tenho algumas dificuldades, eventualmente, para enfrentar alguns problemas da Casa. Por exemplo: moções, que poderiam ser reduzidas em 99%; Questões de Ordem que são levantadas que não colocam ordem na questão, e que não resolvem coisa nenhuma, mas interrompem o bom andamento dos trabalhos da Casa; aqueles que vêm a esta tribuna para falar cinco minutos e falam oito, falam sete, e ficam falando; discutir e encaminhar o óbvio, sem nenhuma razão para se fazer a discussão, mas é praxe na Casa. O Regimento não pode fazer com que o Vereador seja sensato, equilibrado, competente. Não há Regimento que faça isso.

Sessões Solenes, quantas há? Não sei; há sessenta e cinco diferentes tipos de títulos para homenagear, e estão fazendo mais. O Regimento vai receber mais Projetos de Resolução. A utilização do período de Comunicações, de que o Ver. Pedro Américo Leal tanto fala, e do Grande Expediente, a que nós raramente chegamos... Mas quando se trata de homenagens que, às vezes, não têm sentido nenhum, nós passamos a utilizá-lo. Todas as vezes que se fazem homenagens no Grande Expediente ou no período das Comunicações, todos excedem o tempo, e o autor da proposição ganha mais tempo do que os outros e, às vezes, não está inscrito; então a Sessão se prolonga sem necessidade.

E as licenças para tratamento de saúde e tratamento de interesses particulares nesta Casa? Eu acho que é o único parlamento que licencia a qualquer hora, porque não há um mínimo para ser substituído. Por exemplo, na Assembléia só se é substituído cento e vinte dias depois, na Câmara Federal, idem. É claro que o Ver. João Bosco Vaz diz que o Ver. João Dib propõe a diminuição de assessores por Vereador; fiz isso um dia, só tive o meu voto, mas eu o fiz com convicção. Nem a minha Bancada votou comigo.

Eu propus que não tivesse Liderança de um só, pois Bancada de um só eu não conheço, e só tive um voto que me acompanhou, o do Ver. Nereu D’Avila, que entendia como eu, porque conhecia o procedimento do legislativo da Assembléia e do Governo Federal, que se fizesse por blocos. Aqui nós temos a Bancada do eu sozinho; resolvem problemas e mais problemas e têm todas as vantagens.

Nós temos uma série de dificuldades a serem enfrentadas no nosso Regimento, mas o Vereador que chegou aqui há duzentos e setenta dias teve essa sensibilidade, e outros, que não leram, vieram aqui e discutiram, Ver. Haroldo de Souza, V. Ex.ª colocou uma alteração do Regimento e fez uma Emenda única, que também foi aprovada por unanimidade: segundas, quartas e quintas; terças, Comissões e sextas Comissões, e é o que V. Ex.ª fez, com sabedoria, no dia 03 de maio, quando tinha apenas quatro meses de vereança, fez um bom Projeto, que hoje a Casa está discutindo. Está sendo até aplaudido, meus cumprimentos. Já não posso cumprimentar o meu fino e irônico amigo Ver. João Bosco Vaz, porque coloca em dúvida algumas convicções que eu tenho, mas ele também tem seus pontos de vista, que eu respeito profundamente; sejam quais forem, eu sei que ele estuda e tem boas idéias, como hoje apresentou, aqui, o Memorial da Paz. E a paz é uma coisa que todos nós precisamos. Por isso eu digo: saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PR nº 042/01.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, há um conjunto de procedimentos que, talvez, fossem necessários mudar nesta Casa.

Por exemplo, nós recebemos, em todas as Sessões, um calhamaço de material que é o chamado de “espelho”. Hoje, isso está disponível na Internet. Eu penso que os Vereadores deveriam acessar a Internet, quem tem interesse em ficar com isso na sua mesa. É uma sugestão que, inclusive, irei fazer por escrito à Dr.ª Ilse, que é a nossa Diretora Legislativa. É um procedimento. Nós precisamos, por exemplo, de uma cópia xerox, o nosso número de cópias aqui é limitado, e, às vezes, o Vereador circula pela Sessão e nem observa o espelho, como também outros documentos. Eu sugeri também, foi por escrito, porque foi um pedido feito pela imprensa, que não houvesse cópia da taxação, porque a taxação está na Internet. Não precisamos gastar tanto material em papel.

Então, nós poderemos nos reunir nas terças, quartas e quintas-feiras sem nenhum problema. Eu quero saber se vamos render, efetivamente, aquilo que pretendemos render, mudando os dias das Sessões. Essa é a questão! Eu vejo, às vezes, nas sextas-feiras, pela manhã, coisas contraditórias; alguns vieram se queixar da sexta-feira, mas não estavam às 9h aqui para dar quórum. Então, este também é um debate, ou seja, iniciar a Sessão no horário, cumprir com as questões que estão na Pauta, fazer os devidos encaminhamentos. Não vejo nenhum problema. Por exemplo, eu acho que se pudermos concentrar essas atividades na terça, quarta e quinta à tarde, não há problema; reunir as Comissões na terça e na quinta pela manhã, ou na terça ou sexta-feira, nenhum problema. Porém poderia haver mais debates nas Comissões, que, inclusive, ajudariam a aprovar alguns projetos.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, eu me esqueci, na relação das coisas que eu fiz rapidamente, de dizer que, com muita freqüência, pedem um minuto de silêncio e falam, antes desse minuto, dois ou três minutos, quando há, na Casa, uma disposição de fazer a comunicação de um voto de pesar, que o Vereador faz e que o Presidente da Casa encaminha e assina.

 

O SR. ADELI SELL: Há vários procedimentos que as Casas Legislativas teimam em continuar por séculos. Nós podemos mudá-los. Eu também acho, por exemplo, que nós não precisaríamos fazer aqueles caminhões de Pedidos de Providências, que são lidos no início das Sessões. Pedido de Providências não é preciso ler - eu sou contra essa leitura. O povo da Zona Sul não quer saber que o Vereador pediu para colocar uma lâmpada num poste no Rubem Berta. Não interessa, para um morador do Centro, que um Vereador tenha feito uma solicitação para fechar um buraco do DEP, por alguma razão, na Zona Sul. Comumente o que eu faço? Mando um e-mail, para não gastar papel, para não gastar tempo de fax. Porque o outro lado vai ter de gastar papel também. Então, nós temos certos procedimentos modernos hoje que não são devidamente utilizados. Em vez de fazer um Pedido de Providências aqui, que é um monte de cópias, que o Presidente tem de mandar envelopado, vai para uma Secretaria, abre um processo; mande um fax direto para o Secretário, qual é o problema? Está aqui o Assessor do Prefeito, Dr. Wilson. Inclusive determinadas questões se passam para o Assessor do Prefeito, que está aqui para isso. Mas não, nós teimamos em ficar com velhos procedimentos de Casas Legislativas. Nós temos de modernizar, nós temos de conhecer e usar outros procedimentos. Por isso eu tenho abertura total e absoluta para mudar os dias das reuniões. Nenhum problema. Eu só quero que esta Casa funcione e que haja menos debates desgastantes e mais debates em que haja preocupação com o futuro da nossa Cidade. Nós somos Vereadores de Porto Alegre. Em primeiro lugar, temos que responder ao povo de Porto Alegre. Como gaúchos, nenhum assunto do Rio Grande é estranho a nós, como nenhum assunto do Brasil, e também, como seres humanos, nós não podemos ficar indiferentes ao terror, à miséria e à falta de paz. Por isso, nós também queremos paz, Ver. João Antonio Dib. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos Emenda de Liderança ao Projeto que está em discussão, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. (Lê.) “Altera o art. 42: as Comissões Permanentes reunir-se-ão ordinariamente às terças-feiras, às 14 horas, e às sextas-feiras, às 10 horas.” “Art. 5º - Essa resolução entra em vigor a partir de janeiro de 2002.” Essa é a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt.

Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h37min.)

 

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